domingo, 3 de março de 2013

Moda sustentável: você é responsável por aquilo que veste

 / Créditos: Reuters
Passarela do EcoChic em Xangai, um desfile de moda que apresenta roupas confeccionadas com tecidos ecologicamente corretos, visando uma indústria fashion mais ‘verde’. (Foto: Reuters)

Sustentabilidade do universo fashion também está no processo de fabricação do tecido e em sua reciclagem e seu reaproveitamento.
Há alguns anos, Stella McCartney, uma reconhecida estilista inglesa, junto com os desenhos de sua nova coleção, lançou para o mundo uma tendência que viria para ficar: moda sustentável. A estilista apostou em roupas de tecidos ecologicamente corretos, feitos de garrafa pet, algodão orgânico e fibra natural, e abandonou peles e couros de animais. Seguindo essa tendência e valorizando o debate da sustentabilidade, estilistas de todo o mundo também passaram a investir na sustentabilidade como diferencial de suas criações. 

A sustentabilidade na moda abrange muito mais do que apenas utilizar materiais que não violem direitos dos animais. No Brasil, o pioneirismo nessa área pode ser visto na defesa de conceitos como a reutilização de tecidos, a redução de resíduos e a reciclagem do que parecia perdido para o mundo fashion. 

“A sustentabilidade está em toda a cadeia produtiva envolvida. Há um processo longo, que envolve muitas pessoas. Desde o plantador de algodão até o resultado final, que é a peça de roupa. Há o tingimento, a grafia, a costura. É uma cadeia muito grande”, explicou Lia Spinola, 29, formada em moda e diretora do Instituto Ecotece.

Usei e não quero mais, e agora?
A reutilização de peças de vestuário é uma etapa do processo do vestir sustentável. O Ecotece tem como missão reunir iniciativas e ideias inovadoras na área e capitalizar esse conhecimento em forma de subsídios para projetos sociais. 

Um dos focos de atuação do instituto é a capacitação de indivíduos de comunidades carentes. “Entendemos que, a partir da geração de renda, atrelamos diversos fatores fundamentais. Temos um projeto em que capacitamos donas de casa para desenvolver produtos com materiais ecológicos, transformando o que seria lixo, na indústria têxtil, em novos produtos”, contou Lia. 

Outra iniciativa bastante interessante do Ecotece, que visa diminuir o desperdício de peças reaproveitando-as, é a transformação de uniformes corporativos. O instituto criou o Projeto Uniforme, que utiliza os próprios uniformes que seriam descartados e transforma em novos produtos que atendam à demanda da empresa, como brindes corporativos, por exemplo. “Com isso, o ciclo de vida do material é muito maior”, continua Lia. 

Uma fábrica mais sustentável: reciclagem de insumos
Um exemplo de empresa que aposta numa produção mais sustentável é a Tecelagem Canatiba. A empresa, que fornece matéria-prima para países da América do Sul, América do Norte e América Central, está investindo em processos mais sustentáveis de produção em sua fábrica.

“Nossas fábricas são menos poluidoras. Estamos fazendo reciclagem de produtos, de químicas, insumos e matéria-prima”, contou Marli Vernillo, gerente de marketing da Tecelagem. De acordo com Marli, a Canatiba trabalha com mecanismos de reciclagem de gases emitidos, de economia de água e utilização de outros insumos.

Vestir consciente
Tanto Marli, da Canatiba, quanto Lia, do Ecotece, veem a sustentabilidade na moda como uma premissa que veio para ficar. “No geral, a sustentabilidade não é uma questão de moda passageira, é algo que realmente está sendo pensado, estudado e aplicado”, afirmou Lia.

Para Marli, o investimento em processos de fabricação diferenciados será compensado pela demanda do mercado. “Alguns dos nossos processos são mais custosos por ser novidade, com novos conceitos de maquinário, mas há um retorno nessa economia de insumos, pois cada vez mais há uma busca por mais valor agregado aos produtos”, completou Marli. 

Com a ideia do “vestir consciente”, o Ecotece propõe pensar a moda como um ato cotidiano. “Todo dia vestimos algo. É preciso pensar o que há por trás do que vestimos”, finalizou Lia.


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