domingo, 7 de dezembro de 2014

Brechós se multiplicam em tempos de inflação e de empreendedorismo

Não à toa, esse mercado cresceu 210% em cinco anos, segundo o Sebrae-RJ

Rio - Em tempo de inflação alta, os brechós são alternativas para gastar até 75% menos. Não à toa, esse mercado cresceu 210% em cinco anos, segundo o Sebrae-RJ. A alta se deve em especial pela mudança de comportamento do consumidor, que passou a valorizar as roupas e acessórios usados. E para garimpar peças entre as lojas físicas e da internet, há mais de 11 mil estabelecimentos pelo país. 
Os pequenos negócios que oferecem roupas usadas passaram de 3.691 para 11.469, entre 2007 a 2012. Agora, são 95% do total das empresas do segmento especializado, que engloba além de vestuário e acessórios, móveis, utensílios domésticos e eletrodomésticos. 
“As pessoas adquiriam bastante acessórios usados, e agora compram as roupas. Isso mostra que o consumidor vem perdendo o preconceito com o usado”, explica Fabiana Pereira Leite, coordenadora de moda do Sebrae-RJ. 

Com a irmã e sócia Carla no colo, a empresária Mariana Lanzillotta usa a internet e as feiras de brechós pela cidade para vender as roupas e acessórios que não usa mais
Foto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia

Para a especialista, os brechós também ganharam destaque devido à mudança cultural do consumidor. “O crescimento desse negócio pode ser explicado pelo surgimento da moda sustentável, baseada no reaproveitamento de peças e incentivo ao consumo consciente”, afirma. 
É o caso de Mariana Lanzillota, 29 anos, que montou o ateliê Kiuta. “Como eu tinha muitas roupas que não usava comecei a vendê-las”, lembra a dona do brechó, cujo nome vem de um apelido dado por um amigo. “Não sei de onde ele tirou, mas gostei”, afirma. 
Muitos produtos usados, que estão em bom estado de conservação, são oferecidos por Fernanda Arêas, 28 anos, dona do Coisas de Fernanda. “Um tênis da Arezzo que comprei por R$ 250 e usei poucas vezes foi vendido por R$ 80. Uma calça da marca Colcci, de R$ 200, foi vendida por R$ 50. Há produtos que chegam a ser 75% mais baratos”, diz.

INTERNET PARA FATURAR 
Formada em Design Gráfico, Carla Mendes, 34 anos, aproveitou a internet para ganhar dinheiro com as roupas de grife que possuía. Ela começou na antiga rede social Orkut, quando viu nos fóruns de moda pessoas procurando determinadas peças que ela mantinha em casa. 
“Eu fiz a oferta e compraram. Fácil assim”, conta Carla, que hoje oferece seus produtos no Facebook, Instagram e no próprio site do seu brechó ModaBazar. 
Mayra Sallie, 22 anos, se uniu as amigas Luana de Paula e Isabela Maria para criar as roupas customizadas no site a Mig Brechó. “Compramos as roupas de outras décadas, lavamos, tingimos e fazemos uma silhueta atual”, explica Mayra. 
Além do consumidor valorizar roupas e acessórios usados, a atual situação econômica do país influenciou no crescimento dos brechós. A inflação dos últimos 12 meses até setembro chegou a 6,75%, acima do teto da meta do governo, de 6,50%. 
Para o economista Eduardo Bassin, da Bassin Consultoria, o aumento da renda do trabalhador faz o consumidor trocar itens com mais frequência. Contudo, ele lembra que o cidadão está dando mais valor ao dinheiro que tem. 
“O brechó é uma boa opção para comprar por ser barato. E com o aumento da inflação, as pessoas também estão consumindo mais, apesar de muitas lojas de usados terem preços de grifes”, esclarece Bassin. 
Segundo o economista, a grande procura fez surgir novos empreendedores. A visão é compartilhada pela coordenadora de moda do Sebrae-RJ, acrescentando que a maioria abre por uma vontade antiga de possuir um negócio voltado ao setor de moda e design. 
“O investimento para ter um brechó é quase zero e o estoque inicial pode ser por consignação”, explica Fabiana. “Mas é preciso saber investir no visual da loja para ficar atrativo ao consumidor. Para o comércio eletrônico, por exemplo, é necessário aprender a formar preços, já que há outros custos como o frete de peças”, ensina.

FEIRA REÚNE ANTIGAS E NOVAS GRIFES

Hype Free Market terá 160 expositores e espera público acima de quatro mil

Novos designers e brechós estarão reunidos no próximo dia 2 de novembro, de 11h às 20h, na segunda edição do Hype Free Market, no Shopping Cittá America, na Barra. Com entrada franca, o evento é inspirado nas consagradas feiras de rua ao redor do mundo. A primeira edição reuniu quatro mil pessoas. 
Entre os 160 expositores estão Maria Cris, de moda feminina, e a Folk, de moda masculina, a Viva!, com camisetas unisex, e a Litori e a BKN Bikinis, de moda praia. Também estarão presentes como produtos de decoração a Porcelanas Lidia Quaresma, Andrea Pires Arte Luminárias e Almofadas Dia a Dia. Entre os estreantes no Hype Free Market estão Carolina Valadares e Tô Frida, de bijuterias, Eu Zé, de camisetas, e a Bossa Rio Presentes, de decoração, entre outras. Também haverá espaço gatronômico com bares e restaurantes. 
“Queremos dar a oportunidade para qualquer pessoa promover o seu brechó particular e, quem sabe, tomar gosto pelo comércio tornando-se um empreendedor”, afirma Robert Guimarães, um dos criadores da feira. 
“Vivemos um momento em que não existe mais o certo ou errado da moda. Hoje, cada pessoa cria seu estilo misturando peças novas e usadas”, acrescenta Fernando Molinari, curador do evento.

Cascas de laranja viram tecido vitaminado na Itália

Jovens desenvolvem tecnologia para transformar cascas, bagaço e sementes em fibras têxteis com substâncias que, segundo elas, nutrem a pele.
Adriana Santanocito e Enrica Arena criaram uma tecnologia, em parceria com o Instituto Politécnico de Milão, para transformar laranjas em tecido  (Foto: Divulgação)
Adriana Santanocito e Enrica Arena criaram uma tecnologia, em parceria com o Instituto Politécnico de Milão, para transformar laranjas em tecido (Foto: Divulgação)

Duas jovens italianas criaram, utilizando restos de laranja, um tecido hipertecnológico e sustentável, que libera nutrientes que podem ser absorvidos pela pele.
Graças à nanotecnologia - que permite a criação de novos materiais a partir da manipulação de átomos e moléculas -, óleos essenciais e a vitamina C derivados da fruta são fixados ao tecido em microcápsulas e transmitidos ao corpo gradualmente.
"O resultado é um tecido macio e brilhante, semelhante à seda. Além disso, as substâncias inseridas nas fibras têxteis nutrem a pele sem deixar resíduos ou perfume. É como usar um creme hidratante pela manhã", disse à BBC Brasil Enrica Arena, uma das criadoras do produto.
Nascidas na Sicília, ilha italiana conhecida também pela produção de laranjas e limões, as jovens conheceram-se em Milão, onde estudavam e onde ainda dividem o apartamento. Adriana Santanocito, 36 anos, é designer com especialização em materiais inovadores, enquanto Enrica, de 28 anos, é formada em Comunicação e Relações Internacionais.
"O projeto Orange Fiber nasceu em Milão, mas tem o coração na Sicília. Um dia, quando estávamos em casa, a Adriana me perguntou por que não produzir um tecido reciclando os restos de laranja. A partir daí, decidimos tentar juntas", conta Enrica.
A tecnologia para a transformação de cascas, bagaço e sementes de laranjas e limões em fibras têxteis foi desenvolvida em parceria com o instituto Politécnico de Milão, com a qual obtiveram a patente internacional. A segunda fase do processo, que garante a fixação ao tecido de microcápsulas com substâncias derivadas das frutas, é realizada por uma indústria cosmética.
A ideia de um tecido vitaminado feito com restos de laranja agradou três empresários sicilianos, que compraram cotas da sociedade. Sucessivamente, o projeto passou a receber um financiamento europeu, distribuído pela Província Autônoma de Trento.
Graças ao programa Seed Money, elas receberam não apenas recursos econômicos e consultoria, mas também infraestrutura para a iniciar a confecção de protótipos antes do ingresso do produto no mercado nacional.

Do lixo ao luxo
Tecido, segundo elas, transmite vitaminas à pele  (Foto: Divulgação)
Tecido, segundo elas, transmite vitaminas à pele (Foto: Divulgação)

Além de ter recebido diversos prêmios e ter sido selecionada para participar da Expo Milão 2015, a novidade atraiu também a atenção do mundo da moda.
Segundo as criadoras, os tecidos da Orange Fiber devem integrar a coleção de pelo menos uma grife italiana no próximo ano.
"Recebemos encomendas por parte de algumas marcas de luxo, inclusive de fora da Itália. Estamos nos preparando para conseguirmos oferecer uma quantidade e variedade de tecido suficientes para inserir nossos produtos em coleções de moda. A primeira delas deve ficar pronta em fevereiro de 2015", diz Enrica, mantendo em segredo o nomes das empresas.
A primeira fase do processo de industrialização será realizada na Sicília, em uma fábrica de sucos adaptada para receber as máquinas que extraem celulose dos resíduos cítricos. Nesta etapa, serão reaproveitadas cerca de dez toneladas de restos de laranja, suficientes para produzir quatro mil metros de tecido.
"Nosso objetivo é realizar a fase inicial dentro das próprias usinas para evitar o transporte dos resíduos e sermos ainda mais sustentáveis", afirma Enrica.

Resistência às lavagens
Com a tecnologia atual, a empresa garante a presença dos nutrientes nas fibras têxteis por até dez lavagens. "Queremos aumentar o tempo de resistência das microcápsulas ou até mesmo torná-las recarregáveis, com o uso de amaciantes criados especificamente", afirma.

Uma fábrica de sucos foi adaptada para receber as máquinas que produzem as fibras têxteis  (Foto: Divulgação)
Uma fábrica de sucos foi adaptada para receber as máquinas que produzem as fibras têxteis (Foto: Divulgação)

As empresárias pensam também em diversificar a oferta de cosméticos a serem encapsulados com auxílio da nanotecnologia.
O mercado de cosmetotêxteis, como são conhecidos os tecidos que contém compostos bioativos, tem crescido graças aos avanços da ciência nas áreas de microencapsulação e nanotecnologia em cosméticos.
A maioria, porém, é utilizada em artigos esportivos ou roupas íntimas como cintas modeladoras e faixas contra a celulite. Dados do Instituto Francês de Moda indicam que o setor movimentou cerca de 500 milhões de euros em 2013 e preveem um crescimento de 35% ao ano.
"Estamos em uma fase de semi-industrialização e, portanto, nosso tecido cosmético ainda é um produto de nicho, mas nosso objetivo é torná-lo difuso e acessível a todos", afirma Enrica.


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Slow Fashion: o desafio da sustentabilidade

Slow Fashion não é a típica tendência de moda sazonal, é um movimento que está ganhando força e é provável que veio para ficar. Hoje a indústria mainstream da moda depende de produção globalizada, onde roupas são produzidas a partir da fase de concepção para o varejo em apenas algumas semanas. Com os varejistas que vendem as últimas tendências da moda a preços muito baixos, os consumidores são facilmente seduzidos a comprar mais do que precisam. Mas esse consumo excessivo vem com uma etiqueta de preço oculto, e é o meio ambiente e os trabalhadores na cadeia de abastecimento que pagam.

A indústria da moda está contribuindo para o desafio da sustentabilidade de hoje em diversas maneiras. Atualmente, usa um fluxo constante de recursos naturais para produzir peças de vestuário ‘fast fashion’. No modo de funcionamento, esta indústria está constantemente contribuindo para o esgotamento dos combustíveis fósseis, utilizados, por exemplo, na indústria têxtil, vestuário, produção e transporte. Reservatórios de água doce também estão sendo cada vez mais reduzidos para a irrigação do algodão nas safras. A indústria da moda também está lançando de forma sistemática, e em quantidades cada vez maiores, compostos artificiais como pesticidas e fibras sintéticas, o que aumenta a sua persistente presença na natureza.

Como resultado, alguns recursos naturais estão em perigo e as florestas e os ecossistemas estão sendo danificados ou destruídos por coisas tais como a produção de fibras, levando a problemas como secas, desertificação e não menos importante, as alterações climáticas, que estão afetando a sociedade em geral.Para visualizar de forma simples o desafio da sustentabilidade da indústria da moda atual, a metáfora do funil é usado para demonstrar que, se o comportamento de consumo da indústria da moda, incluindo os consumidores, continuar aumentando no ritmo atual, o impacto sobre a ambiente social e ecológico também irá aumentar. Isto leva a um espaço de tempo muito limitado para a indústria lidar com esses impactos no futuro e resolver os problemas que a sociedade enfrenta hoje. Isto é simbolizado pelas paredes inclinadas do funil.

Usando esta metáfora, podemos tirar a conclusão de que, se não quer bater nas paredes de estreitamento do funil, temos que redesenhar as práticas insustentáveis ​​atuais na sociedade, incluindo a indústria da moda. Essa mudança, se alcançada, é provável que resulte em um retorno gradual ao equilíbrio, onde o comportamento social não estará em conflito com os recursos naturais, e a indústria da moda poderá continuar sem comprometer a saúde das pessoas e do nosso planeta.

Slow Fashion representa todas as coisas “eco”, “ética” e “verde” em um movimento unificado. Ele foi criado por Kate Fletcher, do Centro de Moda Sustentável, quando a moda foi comparada com a experiência Slow Food. Carl Honoré, autor do livro “In Praise of Slowness“, diz que a “abordagem lenta” intervém como um processo revolucionário no mundo contemporâneo, pois incentiva a tomada de tempo para garantir uma produção de qualidade, para dar valor ao produto, e contemplar a conexão com o meio ambiente.
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Por ser uma forma lenta a emergir como um modelo de moda sustentável, uma equipe de três pesquisadores do Mestrado em Liderança Estratégica para programa de Sustentabilidade na Suécia, recomendou que os valores do Slow Fashion fossem usados para guiar toda a cadeia de abastecimento. Eles olharam atentamente para as ações positivas que estavam acontecendo e também se voltou para as indústrias de alimentos, design e agricultura em busca de inspiração.

Esses valores não são destinados a ser uma resposta para toda a solução, mas podem estimular a criatividade e ser adaptado. Eles têm a intenção de desencadear uma conversa com os designers, fabricantes, varejistas e outros no movimento Slow Fashion sobre quem eles são, onde estão indo e como suas ações podem ter um impacto maior.

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1. Análise: os produtores adeptos ao Slow Fashion reconhecem que eles estão todos interligados ao sistema ambiental e social maior e tomam decisões em conformidade. Slow Fashion incentiva uma abordagem do pensamento sistêmico, porque reconhece que os impactos de nossas escolhas coletivas podem afetar o ambiente e as pessoas.

2. Retardar o consumo: Redução de matérias-primas, diminuindo a produção de moda pode permitir que as capacidades regenerativas da Terra a ter lugar. Isso vai aliviar a pressão sobre os ciclos naturais para produção de moda pode ser em um ritmo saudável, com o que a Terra pode oferecer.

3. Diversidade: produtores Slow Fashion se esforçam para manter a diversidade ecológica, social e cultural. A biodiversidade é importante porque oferece soluções para as mudanças climáticas e a degradação ambiental. Modelos de negócios diversificados e inovadores são incentivados, como designers independentes, feirinhas de moda, lojas incubadoras (onde abrigam e vendem produtos de novos estilistas), brechós, lojas que vendem peças de segunda mão ou vintage, ateliês e artesãos que produzem com materiais reciclados, lojas de aluguéis de roupa, clubes e oficinas de tricô local e eventos de doação ou troca de peças do vestuário são todos reconhecidos no movimento. Manter vivo os métodos tradicionais de confecção ou as técnicas artesanais de tingimento também dá vitalidade e significado para o produto e de como ele foi feito.

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4. Respeitando as pessoas: Participar em campanhas e códigos de conduta podem ajudar a garantir o tratamento justo dos trabalhadores. Algumas marcas aderiram a Asian Floor Wage Alliance, Ethical Trading Initiative, e a Fair Wear Foundation, entre outros. Confecções também estão apoiando as comunidades locais, oferecendo o desenvolvimento de habilidades e ajudando a negociar.

 5. Reconhecendo as necessidades humanas: Designers podem satisfazer as necessidades humanas através de co-criação de peças de vestuário e oferecendo moda com significado emocional. Ao contar a história por trás de uma peça de roupa ou convidando o cliente a fazer parte do processo de design, as necessidades de criatividade, identidade e participação pode ser satisfeita.

6. Construir relacionamentos: Colaboração e co-criação de garantir relações de confiança e duradouras que vão criar um movimento mais forte. Construir relacionamentos entre produtores e co-produtores é uma parte fundamental do movimento.

7. Desenvoltura: marcas Slow Fashion se concentram em usar materiais e recursos locais, quando possível e tentam apoiar o desenvolvimento de empresas e competências locais.

8. Manter a qualidade e beleza: Incentivar design clássico sobre as tendências futuras irá contribuir para a longevidade das roupas. Uma série de designers de moda podem assegurar a longevidade de suas roupas com a terceirização de tecidos de alta qualidade, oferecendo cortes tradicionais e criar belas peças atemporais.

9. Rentabilidade: Produtores Slow Fahion precisam sustentar os lucros e aumentar a sua visibilidade no mercado para ser competitivo. Os preços são muitas vezes maior, porque eles incorporam recursos sustentáveis ​​e salários justos.

10. Consciência: Tomar decisões baseadas em paixões pessoais, a consciência da conexão com os outros e do meio ambiente, bem como a vontade de agir de forma responsável. Dentro do movimento Slow Fashion, muitas pessoas amam o que fazem, e aspiram a fazer a diferença no mundo de uma forma criativa e inovadora.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Moda sustentável: Um estudo de maquinários

Acervo pessoal

Moda e sustentabilidade é um tema recorrente nos dias atuais. Para tanto é fundamental que o designer se coloque diante das tecnologias de forma receptiva. Os profissionais devem estar abertos às inovações, atualizando velhas metodologias, otimizando e abstraindo novas ideias e funcionalidades. Esse é o desafio que proporciona progressos inesperados no campo da moda.

No desenvolvimento do produto, ao final do processo, na parte do acabamento ou beneficiamento existem algumas técnicas consideradas tecnologias inovadoras que promovem a substituição de práticas convencionais pelas de menor impacto ambiental. A primeira é o desgaste a laser que é capaz de reproduzir os padrões de desgaste e os processos a seco do jeans, evitando dessa forma os processos manuais de lixamento e o sandblasting, que são processos prejudiciais à saúde do trabalhador.

Existem no mercado ecolavadoras de última geração que funcionam apenas com oxigênio ativo e ozônio, o que permite dar ao jeans um aspecto envelhecido sem a utilização de água e de produtos químicos. Obviamente, este método é mais caro do que lavar com alvejante tradicional, todavia, o fato de não poluir a água residual, que terá que ser limpa posteriormente, compensa os custos de investimentos de maquinários, além de reduzir os gastos com energia decorrentes das lavagens convencionais.

Outra tecnologia existente é o amaciamento com nanobolhas onde reduz o tempo do processo tradicional e requer três etapas: lavagem, centrifugação e secagem em máquinas secadoras. O amaciante com as nanobolhas evita um dos banhos, graças ao seu sistema micronizado, que distribui a mistura de nanobolhas dentro do tambor. Tendo em vista que o uso de água durante esse processo é menor, a centrifugação deixa de ser necessária, reduzindo o tempo de secagem na secadora e fazendo com que consuma menos água e energia.

Referência: 
SALCEDO, Elena. Moda ética para um futuro sustentável.

Por Francys Saleh
Designer e Docente no curso de design de moda na Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Reciclagem na Moda

Sabe aquela calça ou camiseta que você já se cansou de usar? Pois elas podem se transformar em novas peças e com muito charme, sabia? Pesquisei na internet e encontrei estes modelitos muito charmosos e fáceis de fazer. Tudo muito simples e descomplicado, porém com muito estilo e charme.
Na foto abaixo, uma camiseta de malha mescla foi totalmente recriada com renda.


Nesta outra dica, uma calça básica se transforma num short.
Deixe a camiseta básica com ares de festa.

Você diria que esta linda blusa foi uma camiseta sem gracinha? Creio que não...
Olha só que gracinha! Uma camiseta de festa com tule bordado. Veja o passo-a-passo ao lado e divirta-se. Ela ficará linda com uma saia rodada ou de pregas para usar na balada e também com calça jeans para o dia a dia.

Fonte: Audaces.com

3R's – A Sustentabilidade na Moda

"O desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades" é o conceito criado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento para designar a ideia de Sustentabilidade.

As questões de sustentabilidade social, econômica e ambiental têm ganho expressivo destaque na mídia e nas reuniões gerenciais e, não seria diferente, também chegaram à Indústria da Moda.

A moda, aliás, foi colocada no centro dessas discussões, uma vez que no passado foi a força motriz do consumo conspícuo, além de promover severa degradação nos rios a partir dos processos de tinturaria nas tecelagens. Mas isso tudo ficou – praticamente – no passado.

Hoje o estilo individual favorece a atemporalidade das roupas em detrimento a efemeridade das tendências de moda. Os brechós e a customização tornaram-se sinônimo de cool e os processos produtivos, como a tinturaria, estão cada vez mais limpos.

Essa evolução pode ser facilmente entendida a partir do fluxo da metodologia dos 3Rs, oriunda da hierarquia dos resíduos usada na gestão de resíduos sólidos, que consiste em prevenir a geração de resíduos (reduzir), reaproveitar resíduos (reutilizar) e, quando nada mais for possível, parte-se para recuperação dos resíduos (reciclagem).

1. Reduzir – na indústria de confecção e varejo, reduzir significa a otimização dos processos, isto é, coleções mais adequadas ao perfil do consumidor, com maior qualidade e durabilidade. A redução de retalhos de tecidos também deve ser uma meta na gestão de resíduos e, para isso, hoje há softwares como o Audaces Vestuário Encaixe que otimizam o encaixe na hora do corte minimizando as perdas.

2. Reutilizar - é dar novo uso a um material que já foi usado, isso pode significar o aproveitamento de retalhos para criação de novos modelos ou variantes a partir de coordenações, ou mesmo a destinação dos resíduos para uma categoria de produtos completamente diferente, como os exemplos abaixo de uma poltrona e uma bolsa feitos com restos de denim. Os brechós também ressignificam peças que não servem mais aos interesses do proprietário, mas que ainda têm boas condições para outros. 

3. Reciclar - é transformar de modo artesanal ou industrial um produto usado em um novo produto, igual ou diferente do original. Essa transformação deve ser química e/ou física e é a última opção na gestão de um resíduo. Hoje já existem processos de reciclagem em larga escala para tecidos sintéticos e naturais.
Tecidos 100% reciclados feitos pela Denovo.

Fonte: Audaces.com

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Empresa de SC fabrica camiseta com 100 metros de comprimento com tecido feito de garrafa PET

Objetivo é entrar para Guiness Book e arrecadar recursos para Rede Feminina de Combate ao Câncer

Empresa de Navegantes fabrica camiseta com 100 metros de comprimento Marcos Porto/Agencia RBS
Uma empresa de Navegantes pretende entrar para o Guiness Book, o livro do recordes, por fazer a maior camiseta ecológica do mundo. Nesta quinta-feira, a Equilibrios, responsável pela confecção, apresentou parte da peça, que terá 100 metros comprimento — três vezes maior que o Cristo Redentor (veja mais abaixo). O modelo ficará pronto no dia 11 de outubro, quando será exposto à comunidade.

A camiseta gigante será rosa, em alusão ao Outubro Rosa — campanha mundial para conscientização contra o câncer de mama — e a iniciativa vai arrecadar recursos para a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Mama (RFCC). Para confecção do tecido foram usadas 30 mil garrafas pet e 85 rolos de malha. A produção envolve 80 pessoas direta e indiretamente. Ao final, o modelo terá 13,5 mil metros quadrados.


O evento de reconhecimento do recorde contará com a presença de um juiz oficial do Guiness Book vindo Londres. A camiseta será hasteada com ajuda de dois guindastes e cerca de 2 mil metros de cordas, também feitas com garrafas pet. Depois de certificada, a peça vai se transformar em 10 mil camisetas, que serão vendidas pela empresa ao custo de R$ 25 (primeiro lote). Do total arrecadado, 40% será destinado a RFCC — 2% irão para as esferas nacional e estadual do movimento e o restante para a municipal.

A presidente nacional da Rede Feminina, Aglaê Nazário de Oliveira, conta que para a entidade a ação é importante tanto pela ajuda como pela divulgação do trabalho desenvolvido.

— Para nós, que sobrevivemos de doações, é muito importante para dar continuidade aos atendimentos. Ficamos orgulhosas de ser convidadas para essa ação, isso traz credibilidade ao nosso trabalho — afirma.

A Rede Feminina atua principalmente na prevenção do câncer de colo de útero e de mama. A entidade oferece exames, banco de perucas e atendimentos com psicólogo, nutricionista e fisioterapeuta, entre outros profissionais.

Ação social e ambiental

A camiseta gigante está 80% concluída, faltando apenas acabamentos. No próximos dias, a empresa vai transferir os trabalhos para outro galpão, onde tenha mais espaço para acertar detalhes. O diretor da Equilibrios, Rogério Tomaz Corrêa, explica que além de apoiar uma causa social e defender ações ambientais, a ação irá comemorar os 20 anos de atuação da fábrica.

Comparando

- A camiseta vai ultrapassar a altura de um prédio de 33 andares
- Será três vezes maior que o Cristo Redentor
- Pode cobrir mais de três campos de futebol oficiais
- Será mais alta que a Estátua da Liberdade dos Estados Unidos
- Terá altura equivalente a 63 carros populares empilhados
- 25 motos entrariam lado a lado apenas na gola da peça

A camiseta gigante

Para a confecção da peça gigante foram necessárias cerca de 30 mil garrafas pets, 85 rolos de malha fabricados especialmente para a camiseta e uma numerosa equipe envolvida na produção, entre costureiras, engenheiros e especialistas na área têxtil. A maior tinturaria das Américas, Tinturaria Florisa, localizada na cidade de Brusque (SC) foi a responsável pela coloração da malha.

Também foram utilizados cerca de 2 mil metros de cordas (também produzidas de garrafas pets) que serão utilizadas para a estabilização no dia do hasteamento por dois guindastes de grande porte. A parceira da Pré-metal estruturas metálicas, empresa com 15 anos de experiência, situada em Guaramirim (SC), forneceu a estrutura metálica que sustentará a peça gigante. Toda a malha chegará aos incríveis 13.500², o que daria para cobrir mais de três campos de futebol oficiais. Além de promover a consciência ecológica e a preservação do meio ambiente, a ação arrecadará recursos para a RFCC e irá enaltecer o tradicional "Outubro Rosa".

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Algodão colorido selvagem é 'domesticado' e vira artigo de exportação

Espécie de algodão colorido produzido no interior da Paraíba
Espécie de algodão colorido produzido no interior da Paraíba

Utilizado na confecção de roupas há mais de 4.000 anos, o algodão colorido perdeu espaço para o tipo branco no século 19, pois tinha fibras fracas que se quebravam nas máquinas. Porém, com um trabalho de melhoramento genético nos últimos anos, o algodão colorido ficou mais resistente e volta a ter valor de mercado.

Após o cruzamento com o algodão branco comercial, em um trabalho desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no início de 2000, o tipo colorido do algodão voltou a ser produzido em escala comercial e já é exportado para França, Japão, Estados Unidos e Alemanha.

A principal vantagem do algodão colorido é o menor impacto ambiental. Uma peça de roupa feita com o produto utiliza, em média, apenas 10% da água gasta em uma confecção tradicional. Além disso, o produto é valorizado por ser orgânico, ou seja, não utiliza agrotóxicos ou adubos artificiais.

Algodão colorido representa menos de 1% do mercado
Apesar de todos os benefícios ambientais, o algodão colorido ainda representa menos de 1% da produção nacional do setor. E não deve passar muito disso, segundo especialistas.

"Ele se encaminha muito bem para o nicho, para pequenas e médias propriedades; não deve aumentar muito a área total plantada no país", disse Lucílio Alves, que pesquisa o mercado do produto no Cepea (Centro de Pesquisa Agropecuária).

Por ser um produto de nicho, o algodão colorido é mais caro do que o tradicional. Enquanto o quilo do algodão branco sai por R$ 5, a mesma quantidade do produto colorido é vendida por R$ 8,5 (70% mais cara).

O produto é desenvolvido em cinco cores: marrom claro, marrom escuro, vermelho claro, vermelho escuro e verde.

Algodão colorido contribui para aumento da renda de pequenos produtores

Pequenos produtores ganham mais
Quem tem aproveitado para ganhar mais são os pequenos produtores do interior da Paraíba. Margarida Alves, conhecida como "Dona Preta", já planta o algodão colorido há quase oito anos. "Até 2005, só plantávamos o branco, e a renda era muito pequena com o pouco de terra que temos", disse.

Com uma produção de 280 kg de fibra do tipo colorido, obtida em um hectare, Dona Preta deve ter faturamento de cerca de R$ 2.400. A colheita ocorre em novembro.

A área de produção dela é uma das 35 de uma propriedade de 700 hectares do município de Juarez Távora (a 75 km de João Pessoa).

Cerca de metade das famílias do local complementam sua renda com o algodão colorido, que começou a ser cultivado na região em 2005.

Produtores dividem trator e máquina que tira caroço
Uma associação dos produtores de Juarez Távora divide trator e máquina de descaroçar algodão, doadas por uma entidade beneficente em 2000.

"Isso valorizou muito o produto. Se vendêssemos o algodão com o caroço, ele sairia por R$ 2 [o quilo]", diz Margarida. O produto sem caroço vale 325% mais (R$ 8,50).

Os gastos com as máquinas são pagos com a renda de três hectares de algodão, que os associados cultivam em mutirão.

Modelo usa vestido feito com algodão colorido

Da Paraíba para o mundo
Todo o produto da comunidade é vendido para a Associação de Produtores de Vestuário da Paraíba, que consome quase metade de toda a produção do Estado. Oito empresas que participam da associação criaram em 2007 uma marca, a Natural Cotton Colors, focada na exportação de peças feitas com o algodão colorido.

A aceitação do produto no exterior tem crescido nos últimos anos, segundo a empresária Francisca Vieira.

"No começo nem 10% eram exportados, mas, em 2012, chegamos a 30% pela primeira vez. Ao que tudo indica, podemos chegar a 50% neste ano", estima a coordenadora da marca.

Porém, a produção ainda pequena do algodão colorido tem travado o aumento das exportações.

"Neste ano, serão produzidas 35 toneladas de algodão colorido. Parte vai para o mercado interno, mas o grande foco é chegar com força no mercado internacional", afirma o técnico da Embrapa Waltenilton Cartaxo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Roupas recicladas e sustentáveis

Roupas feitas de retalhos e garrafas PET são opções mais verdes na hora de se vestir

Nos dias de hoje está se tornando uma tendência que marcas de roupas optem por matérias-primas recicladas na hora de confeccionarem suas peças.
Saias feitas com retalhos de tecidos, por exemplo, se transformam em roupas únicas e diferentes, além de reaproveitarem o que sobrou de outras peças. Outra opção de moda reciclável são camisetas e moletons feitos de garrafas PET recicladas.

Mesmo com a indústria da moda sustentável crescendo, ainda é difícil encontrar esse tipo de peça em lojas comuns. A exceção se dá com camisas de times de futebol. Recentemente, os modelos da Seleção Brasileira e do Corinthians, sem contar os de alguns clubes europeus, adquiriram tal tecnologia. Mas, de maneira geral, apenas, algumas butiques de estilistas e redes de loja colocam roupas recicladas ou feitas com materiais reciclados à venda.

Propaganda enganosa e opções

Fique atento a propagandas exageradas de grandes empresas que confeccionam roupas sustentáveis. Verifique se toda a cadeia de produção é ecologicamente correta. Outra possibilidade é dar uma olhada na etiqueta antes de efetuar a compra.

Marcas, como a inglesa FromSomewhere e a norte-americana Patagonia são algumas que fabricam ou revendem roupas recicladas. Procurar na internet também é uma boa alternativa para encontrar esse tipo de peça.

Fonte: Ecycle.com.br

Designer faz peça incríveis a partir de roupas usadas de brechós

Já pensou em transformar aquela roupa velha em uma completamente nova?
Muitas vezes não sabemos o que fazer com aquela roupa velha e sem graça que está no fundo do armário. Já pensou em reutilizá-las para criar novas?

A escritora e designer americana Jillian Owens decidiu promover uma moda diferente. Ela foi atrás de brechós e lojas de segunda mão em busca de roupas velhas e baratas que ninguém jamais pensaria em comprar. Depois de adquiri-las gastando muito pouco, ela usou muita criatividade para transformá-las em elegantes peças da moda.

É fácil, rápido e barato. Basta pegar linha, agulha, tesoura e máquina de costura para deixar a criatividade aflorar. Abaixo, algumas fotos encontradas no site da designer:
Reciclar peças antigas e que ninguém utiliza mais também é uma maneira de economizar, além de possuir uma roupa exclusiva. Pode apostar que ninguém terá um modelo igual ao seu!

Veja o vídeo a seguir para outras maneiras de reutilizar suas roupas velhas:

Fonte: Ecycle.com.br

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Sapato ecológico é confeccionado com borracha de seringueiros do AC

Marca francesa produz 120 mil pares de sapatos sustentáveis por ano. Cooperativa de seringueiros do AC vende borracha a R$ 8,50 o quilo. 

Sapatos da marca Vert é feito com borracha de seringueiros (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
Eliza se apaixonou por sapato ecológico feito com borracha do AC (Foto: Eliza Nayonara / Arquivo Pessoal)

Sapatos da marca Vert é feito com borracha de seringueiros (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
Eliza se apaixonou por sapato ecológico feito com borracha do AC (Foto: Eliza Nayonara / Arquivo Pessoal)
Foi durante a 66ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que a estudantes de engenharia floresta Eliza Nayonara, de 21 anos, conheceu os sapatos da empresa Vert, uma marca francesa de tênis sustentável que utiliza desde 2007 a borracha nativa de seringueiros do Acre na fabricação.O preço do calçado varia entre R$ 129 a R$ 550, dependendo do modelo.
"Estava tendo um sorteio do tênis da SBPC e eu não ganhei, mas me apaixonei pelo sapato e decidi comprar pela internet. Em uma semana recebi o produto. Eles mandam até uma cartinha escrita à mão, agradecendo, é um diferencial", conta Eliza.
Foi justamente a proposta ecológica do sapato que encantou a estudante. "Achei legal por causa da ideia da sustentabilidade e da valorização da borracha do seringal. Eles pagam um preço justo para essas comunidades", diz.

A marca foi criada após os empresários franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp deixarem seus empregos e partirem em uma viagem ao mundo, em 2003, estudando projetos de sustentabilidade. François conta que na viagem ficou decepcionado com os projetos de grandes empresas e motivados a montar um negócio voltado para a sustentabilidade.
"Somos apaixonados por tênis desde a adolescência, e achamos um produto simbólico para trabalhar de forma sustentável. O objetivo da marca é ter um impacto positivo, tanto na economia, na sociedade, e no meio ambiente. É o famoso tripé da sustentabilidade", diz.
Desde o inicio a empresa trabalha com a borracha nativa, mas foi apenas em 2007 que eles conheceram o trabalho que os seringueiros acreanos produziam através da técnica do FDL (Folha Defumada Liquida). "É um projeto que envolve vários parceiros, a Vert é a ponta comercial, que permite ao ecossistema do FDL de funcionar", explica.

Empresa manda, junto com sapatos, uma carta personalizada  (Foto: Eliza Nayonara / Arquivo Pessoal)
Empresa manda, junto com sapatos, uma carta personalizada (Foto: Eliza Nayonara / Arquivo Pessoal)

Ao todo, são três associações de seringueiros que têm contrato com a empresa, sendo uma em Assis Brasil (Amopreab, com seringueiros da Reserva Chico Mendes) e duas de Feijó (Comunidades do Parque da Cigana e do Curralinho). O empresário explica que, diferente do mercado convencional, onde o preço de venda esta sujeito a uma especulação dos intermediários, o contrato com as associações estabelece para cada ano o preço e a quantidade que as duas partes envolvidas se comprometem a comprar e fornecer.
"O seringueiro está produzindo já sabendo a quanto vai vender a sua borracha. Os preços são negociados com as associações, em reuniões em que participam todos os produtores. Na última reunião, foi decidido coletivamente um aumento do preço da borracha. Passou de R$ 7,00 para R$ 8,50 por kg de borracha. O preço deve ser atraente para o seringueiro, para ser uma alternativa viável ao desmatamento", diz.
Além de ser considerada como uma matéria prima 'fantástica', a borracha nativa é vista pelo empresário como uma forma essencial à produção devido a visão ecológica da marca. "Não acreditamos numa visão romântica da ecologia, mas sim numa visão pragmática, aonde a iniciativa privada pode ser uma parte da solução, valorizando economicamente os produtos que têm um maior valor agregado ambiental. Claro que isso só é possível em parceria com terceiro setor e setor público. Nosso objetivo além de calçar bem os cidadãos do mundo, é de mostrar que é possível mudar o mundo com uma empresa", acredita Morillion.
A Vert conta, atualmente, com uma produção anual de 120.000 pares e presença em 36 países. A equipe é multicultural e está espalhada entre Paris, Berlin, Milão, Rio Branco, Fortaleza, Novo Hamburgo, Rio de Janeiro e São Paulo. Lojas em São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas e Recife, entre outras, comercializam a marca no Brasil.
Além de usar a borracha nativa para a produção dos sapatos, também são utilizados algodão orgânico cultivado, sem insumo químico nem agrotóxicos, por associações de agricultores familiares do Semiárido Brasileiro e couro curtido com extrato vegetal.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Mormaii lança roupas eco sustentáveis

Camiseta masculina  d coleção Eco Vibe - Foto: Marmaii. Divulgação
O modelo Guilherme Roth com camiseta masculina da coleção Eco Vibe – Foto: Mormaii
Fotos: Michele Cruz

A Mormaii criou mais novidade que será lançada ainda neste mês: a linha sustentável Eco Vibe. São produtos masculinos e femininos fabricados com mix de fios desfibrados e fibras de garrafas PETS.

As estampas das peças masculinas foram desenvolvidas pelo artista Duka, designer da marca há 14 anos. Suas obras são feitas com palitos e caixas de fósforo reutilizados para criar formas e objetos.  A sustentabilidade entra na reutilização de resíduos de algodão colorido, evitando que substâncias poluentes sejam descartadas no meio ambiente. Além disso, a cada rolo de malha produzido são eliminadas 165 garrafas pet da natureza.

Camisetas femininas também entraram na coleção
Camisetas femininas também entraram na coleção, como esta na pele de Jessica Alana

Vestidos lindos feitos de garrafa PET e algodão com tingimento natural - é a Eco Vibe da Mormaii
Vestidos lindos feitos de garrafa PET e algodão com tingimento natural – é a Eco Vibe da Mormaii

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Lixo têxtil usado para cultivar árvores da Mata Atlântica

Elas Ecomodas está implantando um viveiro para cultivar cerca de 3 mil mudas da palmeira Palmito-juçara em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.

Com tradição em projetos sustentáveis, a confecção de moda para bebê Elas Ecomodas, de Nova Friburgo (RJ), está implantando um viveiro para cultivar cerca de 3 mil mudas da palmeira palmito-juçara. A iniciativa faz parte do Projeto Ambiental Elas Preservando que consiste no reaproveitamento de lixo têxtil para cultivar mudas de árvores originárias da Mata Atlântica. São reaproveitados cones de linhas vazios gerados pelas confecções de Nova Friburgo, usados como recipientes para armazenar a terra.

Para montagem do viveiro, a Elas Ecomodas firmou parcerias com seis empresas da região: a Pedrinco; a HN Comunicação Visual; a Serraria ACN; a Horto Terra Viva; a Fritubos; e a JP Distribuidora Rocha. O local onde o berçário de árvores está sendo montado é o Parque Municipal Juarez Frotté com o apoio da Secretaria de Turismo de Nova Friburgo. Ainda faltam alguns acessórios para concluir a instalação como uma tela de sombreamento que será usada para revestir toda a estrutura do viveiro.


Os frutos do palmito-juçara, cuja espécie está ameaçada de extinção, servem de alimento para mais de 60 animais e aves que vivem no bioma da Mata Atlântica, além da gastronomia. Depois de desenvolvida no berçário da Elas, a polpa extraída dos frutos será doada através do programa Plante árvores e salve a Mata Atlântica, para serem plantadas na região serrana do Rio de Janeiro. O projeto, que contará com um sistema de irrigação, busca um terreno maior onde serão cultivados mudas em grande escala e construída uma sede cujas paredes serão feitas em 90% de lixo têxtil em parceria com a Associação de Engenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo.

O viveiro de mudas também envolverá estudantes. Escolas da região receberão um comunicado via correios, e as primeiras a manifestarem interesse serão convidadas a participar fazendo o acompanhamento periódico das mudas, cuidados com as árvores e pesquisas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Paraty Eco Fashion: Ronaldo Fraga, um artista muito além da moda

A cada nova coleção que Ronaldo Fraga coloca nas passarelas e vitrines, confirma-se a suspeita de que a palavra “estilista” seja muito pequena para definir a atuação profissional deste designer, pesquisador, ilustrador e mais. Há sempre muito mais em suas coleções do que cartela de cores-modelagem-silhueta-tendências da estação. 


A roupa criada por Ronaldo traduz o Brasil, traz emoção, conteúdo e, nem por isso, perde graça e leveza. Irreverência, criatividade e estética afinam o conjunto. Quando escolhe um tema – como, por exemplo, a obra de Cândido Portinari, no lançamento para o verão 2015 na última edição do São Paulo Fashion Week –  ele vai fundo, o incorpora, amplia inventa: não é mera referência ou sutil inspiração.

Ronaldo Fraga fará palestra no evento Paraty Eco Festival (16 a 19 de outubro), onde pretende falar de dois de seus projetos: Design na Pele, que deu origem a sua coleção Carne seca (para o inverno 2014) e outro que envolveu seis meses de trabalho junto a artesãs no Sudeste do Estado do Pará e deu origem à coleção Um Turista Aprendiz na terra do Grão-Pará, para o inverno 2013. Em comum entre os dois, a parceria com artesãos brasileiros e a valorização de suas técnicas e práticas tradicionais. Design na Pele envolve o trabalho artesanal em couro e reunirá artesãos do sertão nordestino (Pernambuco e Ceará) a um curtumedo Rio Grande do Sul que, segundo ele, “é mais um vetor cultural, ainda trabalha de forma bastante artesanal”.

Em sua última coleção (O Caderno Secreto de Cândido Portinari), Ronaldo utilizou um novo tecido produzido com fio que se decompõe mais rapidamente ao ser descartado em aterros sanitários (mas não se decompõe quando ainda está em uso, não!). Ao ser questionado sobre de que outras maneiras seu trabalho preserva o meio-ambiente, responde: “Eu poderia falar que uso material orgânico, que trago o artesanato, mas prefiro mencionar uma questão muito maior, que é a humanização do processo, promover uma apropriação cultural da memória com seu entorno. É uma sustentabilidade estética: evitar o rompimento que é esta memória cultural indo embora por causa da industrialização. Outra coisa que faz meus olhos brilharem para uma nova coleção é ver como o designer funciona como ponte entre o Brasil feito à mão e a indústria. Trouxe isso em várias coleções, por exemplo, as joias em Tucumã, no Turista Aprendiz, e agora com a cultura do couro, no sertão do semiárido.”

Este tipo de atuação pode ser ampliado? “Sim, e é muito importante que o Brasil tenha outros Renatos (Imbroisi, designer e artesão, diretor artístico do evento), outros Ronaldos, porque tem muito lote pra capinar, muita laje pra gente bater. Mas sou otimista: há 15 anos, não entendiam minhas coleções, achavam que eu fazia ‘traje típico’, mas hoje vejo muitos novos estilistas entrando no mercado com essa visão. Isso não é exclusivo do Brasil, é um momento do mundo em tempos desmemoriados.”

E o que Ronaldo Fraga espera de sua participação no Paraty Eco Festival? “Um diálogo de diferentes frentes com foco na mesma questão, especialmente neste momento em que a palavra ‘sustentabilidade’ está desgastada, por ter entrado na moda e ser usada a torto e a direito – qualquer pessoa que faça 3 camisetas de fibra de bambu já diz que tem trabalho sustentável; neste momento, acho importante levar a sustentabilidade para além da questão ambiental.”

Fonte: Camila Maria - Relacionamento Institucional - Instituto Colibri
contato@colibri.org.br  - http://paratyecofashion.com.br

Paraty Eco Fashion: Ricardo Lima e o Projeto EcoMuseu Recicla, da Ilha Grande

O antropólogo Ricardo Lima, pesquisador da cultura popular e do folclore, trabalhou durante muito tempo no Museu do Folclore do Rio de Janeiro e, desde 2009, dirige o Ecomuseu Ilha Grande, vinculado ao departamento cultural da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), do qual também é diretor. É idealizador e responsável pelo projeto Ecomuseu Recicla, “do qual tenho muito orgulho e me traz muita alegria”, diz. O objetivo desta ação cultural, ecológica e social é atender à população da Vila Dois Rios, na Ilha Grande, onde se localizava o extinto presídio e hoje é sede do museu. Em pesquisa e entrevistas, constatou-se que a principal queixa dos moradores era “ficar parado, não ter o que fazer”, e, claro, dificuldades financeiras. Ricardo criou o projeto Ecomuseu Recicla, em que foram oferecidas capacitações em artesanato em diferentes técnicas. As escolhidas pelos participantes foram escultura em madeira de descarte e as flores de garrafa pet, tornando a reciclagem meio de criação, produção e geração de renda.


“O projeto começou a partir da observação do lixo que o mar jogava pra fora de manhã e de tarde”, conta Ricardo. “O lixo, aliás, é um dos grandes problemas da Ilha Grande, pois todo ele tem de sair de lá, mas isso só o desloca da ilha para o continente, não soluciona. Hoje, desafio você a encontrar uma garrafa pet jogada na Vila Dois Rios”, relata. E conta que as artesãs fazem belíssimas flores de pet, em versões de ímã de geladeira, cortinas, bijoux, ou simplesmente flores com caules, que ficam muito bem em vasos e arranjos. Um dos artesãos que trabalha com madeira recolhida no mar e madeira morta faz miniaturas dos barcos de verdade e figuras sugeridas pela própria madeira; o outro também produz barquinhos, mas com uma vagem chamada dente-de-macaca, que são bem típicos da região.Há, ainda, bonequinhos de pano vestidos de presidiários, produzidos por uma artesã do Rio de Janeiro, lembrancinhas para os turistas que visitam o museu onde antes havia um presídio.

Para concluir, Ricardo Lima comemora: “Atendemos 40% da população de Vila Dois Rios, que tem 90 pessoas, portanto, são quatro artesãos no projeto: dois homens e duas mulheres”, conclui divertido, sem qualquer sombra de dúvida sobre o sucesso da empreitada e a importância do trabalho de formiguinha que cabe a cada um de nós para melhorar a vida ao redor.

Ricardo Lima participará como palestrante do Ciclo de Palestras do Paraty Eco Festival (16 a 19 de outubro de 2014). Pedimos que falasse aqui brevemente sobre a diferença entre artesanato e arte popular. Mesmo considerando o assunto complexo demais para uma “breve fala”, disse: “Para mim, são coisas radicalmente distintas. O termo ‘artesanato’ se refere ao processo de feitura de um objeto – feito à mão no caso, em oposição a ‘objeto industrial’, enquanto ‘arte’ se refere ao campo de significado do objeto. As duas coisas são distintas e não precisam estar em oposição. Não hierarquizo artesanato e arte popular.”

Fonte: Camila Maria - Relacionamento Institucional - Instituto Colibri
contato@colibri.org.br - http://paratyecofashion.com.br

Paraty Eco Fashion - Mayumi Ito: Conexão Brasil - Japão

 

Mayumi Ito é uma criadora múltipla: arquiteta, ilustradora, designer com foco em criação têxtil e moda, envolveu-se com o artesanato, o respeito ao meio-ambiente e o aproveitamento de materiais e recursos. Sua trajetória pessoal e percurso profissional também passam por múltiplos lugares e situações: nasceu no Espírito Santo, mudou-se para São Paulo na infância (onde e se formou arquiteta nesta cidade), viveu quinze anos no Japão, país ao qual chegou com uma bolsa-trabalho que ganhou em um projeto da Câmara de Comércio do Japão; lá, trabalhou como arquiteta e em áreas ligadas ao design de moda, ao design gráfico, travando conhecimento com criadores que valorizam o artesanato, a habilidade de produzir objetos manualmente com maestria, e também com exímios artesãos. No Japão, hoje, não se faz muito artesanato, mas há enorme respeito por esta habilidade e conhecimento tradicionais. As pessoas que o detêm – como aqueles que dominam a fiação e a tecelagem com fibra de banana ou a confecção de tipos específicos de papel artesanal – recebem o título de “patrimônio vivo” e são tratadas com deferência.

De volta ao Brasil no início dos anos 2000, Mayumi escolheu viver na pequena cidade de Muzambinho, no Sudoeste de Minas Gerais (447 km da capital Belo Horizonte), ao perceber que ali poderia realizar seu projeto de trabalhar em parceria com artesãs. Um grupo de sete costureiras e cerca de quinze bordadeiras cria e desenvolve junto à designer peças de roupas exclusivas, produzidas com delicadeza e maestria, em que se utilizam técnicas como tingimento vegetal (ensinado pela mestra Hisako Kawakami), a renda frivolitê, que é tradicional na região, ou o patchwork: este, foi ensinado pela mãe de Mayumi e o objetivo é o aproveitamento total dos retalhos e resíduos de tecidos resultantes da confecção.

Mayumi Ito será uma das palestrantes do Ciclo de Palestra do Paraty Eco Festival (16 a 19  de outubro). Diz que aceitou o convite para participar “porque há uma convergência de objetivos e conceito deste evento com o que venho fazendo em Muzambinho: a valorização da riqueza do trabalho artesanal, da tradição local, desenvolvimento de novos produtos a partir de conhecimento e técnica existentes visando permanência de artesãos na sua região. Espero divulgar nosso trabalho de quase onze anos em Muzambinho e poder trocar experiências com projetos que estarão acontecendo no Paraty Eco Festival”.

Fonte: Camila Maria - Relacionamento Institucional - Instituto Colibri

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Aviamentos ecológicos agridem menos o meio ambiente

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Os produtos ecológicos fabricados a partir de materiais recicláveis, biodegradáveis e fibras naturais vão ao encontro de um tema discutido constantemente na mídia, a sustentabilidade. A busca por opções que agridam menos o meio ambiente está em todos os setores, inclusive no de vestuário. Uma alternativa interessante para as empresas de confecção, além do uso de outros produtos sustentáveis, é a utilização de aviamentos ecológicos.

Os aviamentos ecológicos podem ser feitos a partir de materiais biodegradáveis e fibras naturais. Existem diferentes opções de aviamentos de decoração e aviamentos funcionais às roupas que podem substituir os já tradicionalmente utilizados pelas confecções. Uma lista de aviamentos ecológicos pode ser conferida abaixo:

Etiqueta sustentável: os materiais utilizados que eram considerados como lixo por muitos, como o papelão, jornal, pneu e alumínio, são transformados em etiquetas. Esses itens podem vir em diferentes tamanhos e podem ser utilizados tanto dentro quanto fora da peça.

Zíper ecológico: se os modelos comuns de fecho levam até 10 anos para se decomporem, o zíper ecológico se destaca por se decompor em até 140 dias. O produto é fabricado a partir de uma resina biodegradável.

Fios de bambu: esta é uma opção feita de fibras naturais. Alguns fios de bambu possuem características como toque macio, proteção contra raios UV e sensação de frescor, sendo excelentes na confecção de saídas de banho e roupas de verão.

Fonte: Audaces.com

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Marca gaúcha participa de evento de Eco Moda em Berlim

Envido (Crédito da foto: Divulgação)
Blusa 100% bambu com tingimento orgânico de açafrão (Crédito da foto: Divulgação)

Olha só que bacana: a marca gaúcha de moda sustentável Envido participará do Greenshowroom, evento ecofashion que ocorre de 8 a 10 de julho no hotel Adlon Kempinski, em Berlim. Capitaneada pelas irmãs Lívia e Mariana Duda, a empresa é um laboratório de moda onde designers iniciantes têm seus projetos concretizados a partir do reaproveitamento de resíduos industriais e tecidos ecológicos. Além disso, as gurias apoiam as comunidades locais apostando no artesanato da região.

Confira abaixo a coleção que será apresentada no evento! 
Envido (Crédito da foto: Divulgação)
Capa 100% lã uruguaia com botões vintage. Legging com detalhes em latex ecológico e pulseiras de prata com pedras preciosas originadas de resíduos de mineradoras do RS.

Envido (Crédito da foto: Divulgação)
Gola em lã ecológica hand made com tingimento orgânico de canela. (Crédito das fotos: Divulgação)
Crédito da notícia: Clicrbs.com.br/RS/BlogRogerLerina

Menina de 9 anos escreve carta para Rainha da Inglaterra e recebe resposta

Pequena Laura, do interior de São Paulo, sonha em ser estilista e resolveu dar uns palpites no visual da rainha Elizabeth II.


Princesa, palácio, rainha. A Laura, do interior de São Paulo, achava que tudo isso existia só no mundo da imaginação. Até que ela descobriu que realeza existe de verdade e decidiu escrever para a rainha da Inglaterra. E recebeu resposta! Um conto de fadas da vida real.
Era uma vez uma menina chamada Laura Miranda Queiroz, que um dia resolveu escrever uma carta para a rainha da Inglaterra.
Princesa Laura, de 9 anos, mora longe, muito longe do palácio real, em um pequeno reino do interior de São Paulo, em São João da Boa Vista.
“Eu sempre gostei muito dessas coisas de realeza. Eu acho bem delicado, eu gosto de coisas delicadas e clássicas”, ela conta.
Um mundo mágico, que antes, só existia na fantasia. “Pensei que rainha era do mundo da imaginação e das histórias dos contos de fadas”, ela diz.
Tudo mudou, quando a elegante rainha Elizabeth apareceu na TV. “Entrou, acho que foi no Fantástico mesmo, uma matéria que a rainha estava cumprimentando todo mundo. Eu falei: ‘Mãe, quem é essa aí que todo mundo quer falar, cumprimentar?’. Aí ela falou que era a rainha da Inglaterra”, lembra a menina.
Mas por que ela decidiu mandar uma carta para essa rainha? “Porque era a única que eu sabia que existia”, ela diz.
Aí ela pegou papel e lápis e escreveu para a Rainha Elizabeth II: “Rainha da Inglaterra, com todo o respeito eu me apresento. Meu nome é Laura, eu amo a realeza e moda. Eu tenho algumas dicas de moda para Vossa Majestade, basta abrir a folha.
Ela sonha em ser estilista. Resolveu dar uns palpites no visual da rainha. Lá estavam os looks criados pela princesa estilista.
“É que eu pensei: ‘nossa, será que se eu mandasse uma carta para ela com alguma coisa que ela usasse por bastantes dias, diariamente, ela lembraria de mim?’ Aí eu pensei nas roupas”, conta a menina. 
Um vestido para festa, outro para reuniões.
Mas será que a Rainha da Inglaterra iria entender a cartinha de uma princesinha brasileira, que não saber escrever em inglês? Foi aí que, num passe de mágica, apareceu a tia Aparecida.
“Ela, inclusive, chegou para mim e falou: Tia, você passa para o inglês e se a rainha quiser um desses looks, você faz para ela?’ Porque ela sabe que eu gosto de costurar”, conta a tia-avó Aparecida Paiva.
E lá foi, em fevereiro, a cartinha traduzida para o inglês daqui do Brasil para bem longe, para o palácio real em Londres, onde mora a rainha.
Todos os dias, a rainha da Inglaterra recebe entre 200 e 300 cartas no Palácio de Buckingham. Como Elizabeth II tem muitos compromissos oficiais, ela só lê uma pequena seleção dessas cartas. São as damas de companhia da rainha, chamadas de "ladies in waiting" em inglês, que leem tudo e respondem - uma por uma. Nada fica sem resposta. E não tem essa de texto genérico, padrão, é individualizado, como na carta que foi enviada para Laura.
No castelo da princesa, estava todo mundo na expectativa. “Ela me perguntava: ‘mãe e aí, não chegou nada? Será que vai chegar?’”, lembra a mãe de Laura, Bernadete Miranda.
Três meses depois, a surpresa: chegou a cartinha do palácio para miss Laura Miranda Queiroz, senhorita Laura Miranda Queiroz. No dia, quem entregou a carta foi o irmão.
A carta dizia: “Querida Laura, a rainha pediu-me para te escrever e te agradecer por sua carta e pelos lindos desenhos de moda. Sua majestade está feliz em ter notícias suas e, apesar de não responder pessoalmente, a rainha apreciou muito a sua delicada mensagem”.
O Fantástico gostou tanto dessa história encantada, que também preparou uma surpresa para a Laura: vestimos bonecas com as roupinhas desenhadas por ela.

Segue link do vídeo com a reportagem completa: http://g1.globo.com/fantastico