domingo, 21 de maio de 2017

Marcas de roupas sustentáveis que vale a pena conhecer

Moda ecológica, moda sustentável, slow fashion… os números de pesquisa por esses termos no Google aumentam cada vez, uma prova de que os hábitos de consumo do brasileiro estão mudando. Porém, ainda há um longo caminho pela frente, então vamos fazer nossa parte: falar, compartilhar e divulgar cada vez mais marcas de roupas sustentáveis que vale a pena conhecer!


Você sabia existem muitas maneiras de uma marca ser considerada sustentável? Às vezes, aquela loja que você amou saber que é sustentável tem um compromisso com o reaproveitamento de materiais, não com o veganismo, como você poderia curtir mais (um exemplo, tá, gente?).

Por isso, pra fazer este post, pesquisei marcas que se consideram sustentáveis e especifiquei bem quais seus compromissos na luta por uma moda mais responsável.

Então vista seu lado fashion victim (que não resiste a uma tendência) e dê um banho de consciência nele!

Marcas de roupas sustentáveis que vale a pena conhecer!

Boutique São Paulo

Vamos começar falando de reaproveitamento. A Boutique São Paulo reinventou o conceito de brechó, não só revendendo peças previamente descartadas, mas dando nova vida a elas. Os produtos de segunda mão são garimpados, revitalizados, higienizados e enviados com muito carinho.

Essas peças não necessariamente são eco-friendly, veganas, ou qualquer coisa do tipo. Então, por que são consideradas sustentáveis? Apenas porque, ao invés de irem parar no lixo após o descarte, vão para o guarda-roupa de alguém que poderá deixar de comprar uma peça recém-fabricada, freando a carreta desgovernada que a grande indústria da moda se tornou.

Parece um passo pequeno, mas sem dúvida é um passo na direção certa. Olha só o que eles dizem: “Para produzir 1kg de algodão, aproximadamente 25.000 litros de água são gastos. O processo de criação de um jeans, por exemplo, afeta o ambiente de maneira muito significativa, inclusive aumentando a concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Prolongar a vida útil de uma peça é colaborar com a preservação de recursos que já foram extraídos da natureza.” Confira mais informações clicando aqui.

Isso torna justa a inclusão da Boutique São Paulo na lista de marcas de roupas sustentáveis para conhecer em São Paulo.

Honey Pie

A pegada da Honey Pie, marca de roupas femininas, é o slow fashion. Mas o que é isso? Basicamente, uma alternativa à produção em massa, que costuma ser pouco transparente (facilitando demais a exploração de mão de obra e matéria-prima). Afinal, como você vai saber se aquela brusinha linda distribuída por grandes marcas não foi feita com mão de obra infantil, escrava ou as duas coisas?

Na dúvida, procure por marcas como a Honey Pie. As peças são feitas com matéria-prima brasileira, para fortalecer o mercado nacional, além de concentrar todo o processo de produção das roupas dentro do ateliê, para acompanhar de perto as condições de trabalho.
Ada

Na Ada, também não existem coleções, apenas tiragens pequenas de roupas feitas com fibras naturais 100% feitas no Brasil. Além do slow fashion, a marca tem raízes veganas, então, se preocupa que sua matéria-prima respeite os Direitos dos Animais.

O nome da marca é inspirado em Ada Augusta Byron King, criadora do primeiro algoritmo para ser processado em uma máquina. Legal, né?

As peças têm design minimalista lindíssimo, o que as tornam atemporais (você não vai precisar jogar fora e comprar mais roupas, como acontece com peças “fora de moda”).
Nicole Bustamante – Vegan Goods

Falando em veganismo, se essa é seu ideal, você vai amar a marca Nicole Bustamante. As peças são feitas à mão com matéria-prima vegan friendly, se posicionando totalmente contra à moda descartável/fast fashion. Tanto que eles oferecem roupas de modelagem sem gênero, ou seja, você só precisa ser humano pra usar (mas, se quiser vestir no seu cachorro, acho que também não há restrições.)
A loja também tem dois endereços, ambos na Rua Augusta (além da loja on-line). Dá uma olhada clicando aqui. http://nicolebustamante.iluria.com/sobre-nos-pg-26c25

King55

A King produz manualmente peças masculinas e femininas, focadas na moda streetwear, com matéria-prima sustentável e ecológica. Eles fizeram um vídeo bem legal pra mostrar como as roupas são feitas:
KING55 – Produtos Customizados from King CinquentaeCinco on Vimeo.

A loja vende roupas, acessórios, calçados, tudo que há de bom e descolado. Siga o Instagram deles para conferir tudo que há por lá:
Além de vender on-line, a King55 tem uma loja em Pinheiros e uma na Vila Madalena. Clique aqui para ver os endereços e decidir qual vai visitar!

Cofi Wear

Na onda da moda unissex, a Cofi foi o maior achado de todos os achados que achei nos últimos tempos (ta-dã). Só de olhar a foto, você já percebe DE CARA quanto essas calças 100% algodão são confortáveis, bonitas, práticas e modernas:

Tá, mas o negócio aqui é sustentabilidade, onde isso entra na Cofi? Já dei a dica: 100% algodão. Eles não usam nenhuma matéria-prima de origem animal, tanto que até os zíperes foram trocados por elásticos de algodão (o que é ótimo, porque serve perfeita e confortavelmente em qualquer um).

Pra complementar a produção vegana, ela tem uma pegada artesanal, feita por uma equipe de costureiras com uma remuneração que a Cofi tem orgulho em chamar de justa. Bacana, né? Dá uma olhada aqui no site para saber mais. https://cofiwear.com/sobre/

Eles vendem on-line, entre lá no site e se divirta escolhendo sua calça Cofi!

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Estilista e grupo de artesãs criam acessórios e peças de decoração com resíduos de jeans


Doze milhões de metros de ourelas de jeans descartados por mês pelo polo têxtil da região do agreste pernambucano, integrado por 18 municípios. Um grupo de artesãs disposto a produzir alguma coisa com o material, que vai parar nos lixões ou é incinerado em fornos e lavanderias. Um estilista, que aposta na sustentabilidade e cria coleção de acessórios e peças de decoração para solucionar a questão socioambiental da região. Isso está ocorrendo, desde o ano passado em Alto do Moura, localidade a 7 km do centro de Caruaru, famosa por ser o maior centro de arte em barro das Américas, fundada pelo Mestre Vitalino.

O estilista Melk Zda, de Recife, é protagonista dessa iniciativa junto com o grupo de 16 artesãs da Associação de Artesãos em Barro e Moradores de Alto do Moura (Abmam), que se autodenominou Mulheres de Argila. Almofadas, tapetes, luminárias, jogos de cama e mesa, entre outras peças, compõem a primeira coleção chamada Sá Valdivina, em homenagem à bonequeira, que também fazia potes de barro e teria 117 anos, se fosse viva. A matéria-prima dos produtos são os resíduos de jeans do polo têxtil pernambucano. A próxima coleção vai homenagear outra artesã de Alto do Moura: Dona Celestina, que ainda  produz brinquedos de barro. Essas ações pertencem ao Projeto de Artesanato do Agreste do Sebrae em Pernambuco.

“Trabalhar com sustentabilidade é um trabalho abençoado. Saber que estamos contribuindo com o meio ambiente e outras mulheres faz a gente se engrandecer como ser humano”, afirma Josy Santos, presidente do grupo Mulheres de Argila.

“É maravilhoso pegar um produto já existente e fazer outro, a partir dele. A coleção teve muito boa aceitação”, comemora Melk Zda. Ele também desenvolveu o tear para tecer as tramas feitas de ourelas de jeans, simples e feito de isopor.  O estilista informa que, no momento, as artesãs estão preparando a segunda fase da coleção Sá Valdivina, constituída por bolsas, mochilas e carteiras. As peças são comercializadas no show room da Abmam e em feiras de negócios, das quais as Mulheres de Argila participam com apoio do Sebrae PE.

“A moda tem que solucionar seus resíduos”, defende o estilista. “Para cada metro de tecido para se fazer uma peça jeans, sobram dois metros de ourela, que viram lixo no polo têxtil”, resume ele. Quando recebeu o convite para participar do desafio, Melk Zda confessa que estranhou, pois a tradição de Alto do Moura são as peças em barro. “Mas  as artesãs queriam outra matéria-prima para desenvolver novos produtos. Os resíduos de jeans não eram aproveitados e elas também queriam resolver o problema local”, diz ele.

“O que estamos fazendo pode ser modelo para o mundo. Temos de diminuir o desperdício. A Lei de Lavoisier nunca foi tão certa: nada se perde, tudo se transforma”, diz Josy.  “O projeto de artesanato mexe com a autoestima de Alto do Moura. A coleção Sá Valdivina conquistou o coração das pessoas desse lugar”, conta Maria Marisete da Silva, gestora do projeto de artesanato do Sebrae em Caruaru.

O futuro da moda é a sustentabilidade e a sustentabilidade é a nova moda

Resíduos químicos, produção em massa e consumismo são todos subprodutos de uma economia global industrializada alimentada pela obsolescência programada. Com a indústria da moda não é diferente. Ao longo das décadas, a tecnologia ajudou a indústria a atender a demanda crescente, tornando a produção mais eficiente e barata.
A superprodução que foi impulsionada pelas constantes exigências do fast fashion por novos estilos, levou a uma série de problemas adicionais como o aumento dos resíduos químicos durante a produção, juntamente com milhares de toneladas de resíduos de roupas usadas, descartadas ou doadas.
O mercado global de vestuário está avaliado em 3 trilhões de dólares, e é responsável por 2% do Produto Interno Bruto do mundo (PIB). A indústria da moda inclui outras categorias além da moda masculina, feminina, infantil e esportiva.No ano passado, o consumo mundial de têxteis atingiu cerca de 73 milhões de toneladas e deve crescer cerca de 4% ao ano até 2025 (APIC, 2014), mas apenas 20% dos tecidos são reciclados a cada ano em todo o mundo (Soex, 2014).

O que fazer com toneladas de roupas que são jogadas fora todos os anos? Reciclar, reciclar e reciclar esse é o novo mantra da economia circular onde o que era lixo se torna novas fibras.

Enquanto isso, cada tonelada de roupas descartadas que são reutilizadas evita que 20 toneladas de CO2 entrem na atmosfera e cada 1000 toneladas de materiais têxteis recolhidos podem criar cerca de sete empregos fixos e 15 empregos indiretos.
A União Europeia está bem avançada no quesito sustentabilidade pois criou leis rígidas para eliminar o descarte de materiais têxteis nos aterros até 2020, exigindo que a indústria da moda crie novas alternativas de economia circular para reciclar toda essa matéria prima em novos tecidos e materiais. Por causa disso já estamos vendo muitas grandes marcas de moda colocando pontos de coleta de roupas em suas lojas.
Felizmente estão surgindo novas tecnologias de reciclagem química que transformam toneladas de resíduos de alimentos, roupas velhas e até esterco de vaca, em novos tecidos sustentáveis biodegradáveis para substituir os tecidos de algodão comum e poliéster que dominam 85% do mercado de moda e cuja produção não é sustentável.
Os designers de moda, no entanto, estão agora utilizando a tecnologia para criar roupas e acessórios ambientalmente conscientes, que oferecem um vislumbre do futuro e uma crítica a uma indústria poluente que em breve será forçada a resolver alguns dos problemas criados pela produção em massa.

A POLUIÇÃO DA MODA
O mercado de vestuário dos EUA é o maior do mundo com cerca de 28% do volume total. Muitas empresas aderiram ao modelo insustentável do “fast fashion” que ganhou força a partir da década de 90, onde os consumidores foram acostumados a encontrar roupas novas nas prateleiras quase todas as semanas, em vez de uma vez por temporada.
Mas enquanto a tecnologia permitiu que as empresas produzissem roupas de forma mais rápida e com menor custo, a rapidez do fast fashion ajudou a tornar a moda na segunda indústria mais poluente do mundo, atrás da indústria petrolífera, a segunda em consumo de água depois da indústria alimentícia e a primeira em obsolescência programada superando a indústria de eletrônicos.
Uma única peça de roupa cria uma grande pegada ambiental durante seu processo de vida que inclui a agricultura, colheita, produção, processamento, transporte, uso e descarte. Pesticidas na cultura do algodão, tintas tóxicas na fabricação e os resíduos das roupas descartadas nos aterros aumentam os custos ambientais de uma peça de vestuário.

Alguns materiais, como o algodão, são recicláveis e biodegradáveis, enquanto outros materiais sintéticos, como o nylon e o poliéster, são reciclados mas não são biodegradáveis. Mesmo lavando essas roupas sintéticas, podem enviar milhares de minúsculas fibras e produtos químicos para o oceano.
A BELEZA E ÉTICA NA MODA COM UM PROPÓSITO
Devemos repensar o ciclo de vida completo do vestuário para acabar com todo desperdício, criando novas tecnologias de produção onde todos resíduos podem ser reciclados e reintroduzidos na cadeia de produção de forma contínua de acordo com a economia circular. As tecnologias de produção de moda de economia linear, causaram o aumento em larga escala de resíduos.
Mas isso está começando a mudar. Estilistas como Eileen Fisher, Stella McCartney e Ralph Lauren estão tentando reformular as práticas da indústria, usando tecidos orgânicos ou tecidos feitos de reciclagem de materiais para reduzir o desperdício de água, energia, tempo e produtos químicos.
Outras empresas como a Levi Strauss, estão envolvidas em projetos que estudam seu impacto sobre o planeta. A Levi fez parceria com a startup Evernu para dissolver quimicamente roupas velhas para se criar uma nova fibra de qualidade para fabricar suas calças jeans, o que é uma alternativa sustentável para o uso intensivo de água na produção de algodão.
Outra parceria interessante da Levi foi com a empresa italiana fabricante de nylon Aquafil que desenvolveu um material sintético chamado Econyl feito 100% de resíduos de nylon regenerado obtido das redes de pesca retiradas dos oceanos.
Milhares de toneladas de jeans velhos podem agora ser transformados em novas fibras através da reciclagem e transformados num novo material bioplástico chamado DenimX que pode ser utilizado de diversas formas.
As grande redes de fast fashion estão se movimentado em direção a economia circular investido na recolha em suas lojas de roupas velhas para reciclagem além de tecidos feitos com algodão orgânico, algodão reciclado, poliéster reciclado e tecidos feitos de resíduos pós-industrializados. A H&M patrocinou o prêmio de economia circular Global Change Award 2015 para financiar as 5 melhores tecnologias para solucionar o problema dos resíduos na moda.

EM DIREÇÃO A UMA MODA FUNCIONAL
O crescimento das vendas de tecidos inteligentes está projetado para quase triplicar entre 2012 e 2018, para US $ 2 bilhões, enquanto as tecnologias vestíveis devem crescer para US$ 19 bilhões no mesmo período. Estamos vendo agora o desenvolvimento de tecidos chamados tecidos inteligentes, que são roupas infundidas com elementos tecnológicos que interagem com o usuário.
A tecnologia vestível cria novos nichos e possibilidades na moda pois cria novas capacidades multifuncionais para roupas e acessórios através de tecidos e materiais inteligentes. Nossas roupas se tornarão computadores vestíveis cuja tecnologia miniaturizada estará integrada a fibra têxtil de forma quase imperceptível se conectando a internet das coisas.
Essas inovações estão sendo estimuladas por grandes corporações, novas startups, escolas de design e universidades juntamente com designers, estilistas, cientistas, mídia e especialistas em tecnologia para unir a moda, ciência e a eletrônica.
A tecnologia vestível pode criar roupas que se auto-reparem quando furadas, roupas anti-odor que nunca se sujam e precisam de lavar poucas vezes, roupas que criam energia através do movimento do corpo e energia solar para alimentar dispositivos eletrônicos, roupas que mudam de cor, textura e estampa para eliminar a necessidade de comprar roupas novas e roupas que monitoram nossa saúde e exercícios físicos de forma eficiente.

UMA VISÃO PARA O FUTURO
Duas exposições recentes nos Estados Unidos promoveram a conversa sobre o futuro da moda e da tecnologia: o Museu de Belas Artes de Boston apresentou o #techstyle (06 de Março a 10 de julho de 2016) e Metropolitan Museum of do Art apresentou Manual x Máquina (5 de maio a 15 de agosto de 2016 ).
Ambas exposições ofereceram um vislumbre de como a tecnologia pode ser usada para redirecionar e reduzir o desperdício na moda como é o caso da empresa Bionic Yarn, que tece denim usando garrafas recicladas retiradas do oceano para a linha de roupas G-Star Raw for the Oceans. Outro projeto interessante foi o Nike Flyknit um tênis de corrida que é uma mistura entre arte e tecnologia.
O sapato é tricotado na forma do pé com fios feitos de garrafas de plástico recicladas gerando quase nenhum resíduo de material, com um excelente ajuste e vendido a um preço comercial. Essa tecnologia de tricô 3D torna a fabricação de moda e acessórios muito mais personalizável, prática e sustentável.

Aproveitando a tecnologia de tricô 3D utilizado pela Nike, a startup de calçados Rothy cria belos sapatos femininos feitos 100% de garrafas PET recicladas que também pode ser facilmente reciclados. A impressão 3D também foi tema nas duas exposições pois é vista como o futuro não só da indústria da moda mas de todas as outras.

Através das novas tecnologias de impressão 3D poderemos fabricar artigos de moda em larga produção de forma automatizada, barata e personalizada, sem emitir poluição, eliminando o desperdício, consumo de água e produtos químicos. A automatização das fábricas que produzem artigos de moda será algo comum em 2026 como mostra a tecnologia desenvolvida pela startup americana Softwear Automation e a fábrica automatizada Speedfactory da Adidas.


Com o surgimento de novas tecnologias de produção sustentável, é importante para os designers e estilistas utilizem essas tecnologias para criar produtos artesanais ou industrializados com um propósito que seja bom para o ambiente, mas também esteticamente agradável e acessível. Só então é que a indústria da moda poderá caminhar em direção a um futuro mais sustentável e inteligente.

Fonte: Stylourbano.com.br