sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Freitag desenvolve a primeira calça jeans 100% compostável do mundo

Felizmente existem empresas que se preocupam realmente com o meio ambiente e com o destino das toneladas de roupas que são descartadas todos os anos e vão parar nos aterros sanitários. A empresa de moda com sede em Zurique na Suíça, Freitag, que já tinha surpreendido o mundo da moda com seu tecido “F-Abric” que é 100% compostável, não satisfeita desenvolveu também uma calça jeans que é 100% compostável.
Freitag desenvolve a primeira calça jeans 100% compostável do mundo stylo urbano-1
Com o sucesso da linha de vestuário F-Abric, a Freitag desenvolveu seu jeans de cinco bolsos apelidado de “E500″, que é totalmente livre de algodão (ainda bem), e é feito com 81% de linho e 19% de cânhamo tanto para homens como mulheres. É um material “como nenhum outro no mundo da moda e têxtil”, de acordo com a empresa que é mais conhecida por reaproveitar sacos de lona de caminhão para fazer bolsas.
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As calças jeans da Freitag não contem rebites nem fio de nylon, e cada par é 100% compostável, e os botões de metal são  reutilizados pela empresa. Tal como o resto da linha F-Abric, o denim está em conformidade com as normas mais rigorosos da Oeko-Tex, que testa as substâncias nocivas em todas as fases da produção de tecidos. “Ninguém gosta de usar roupas tóxicas”, disse a Freitag, no lançamento do tecido F-Abric, em novembro de 2014.
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Disponível em azul escuro e preto, o jeans oferecem costuras reforçadas para suportar o desgaste pesado pois não são calças descartáveis. Outras vantagens do tecido? “Tem termo-regulação contra umidade, são antibacterianas e anti sépticas o que as torna mais confortáveis de usar,” segundo a empresa. A Freitag vai estrear a versão masculina nas lojas em 27 de agosto, e a versão feminina em 1º de outubro.

Moda ecológica, moda inteligente focada no desenvolvimento sustentável

A Semana da Moda de Nova Iorque conta com dezenas de desfiles num setor que gera anualmente, só nos Estados Unidos, mais de 300 bilhões de dólares de volume de negócios. Aos poucos surgem novos estilistas que promovem coleções onde o desenvolvimento sustentável é uma preocupação focando inteiramente na moda ecológica e inteligente do slow fashion.
Moda ecológica, moda inteligente focada no desenvolvimento sustentável  stylo urbano-1
A Loomstate é uma marca americana que utiliza unicamente algodão orgânico, assim como outras matérias-primas mais recentes, como é o caso do Tencel, feito a partir da polpa da celulose da madeira. A marca foi criada em 2004 por Rogan Gregory e Scott Mackinlay Hahn.

Rogan Gregory, estilista da Loomstate:

“Para mim não pode haver nenhum compromisso quando se fala de design. Não acredito que estejamos usando fibras de menor qualidade, creio que estamos usando as melhores. Eu nem sequer discuto se um tecido orgânico é de melhor qualidade do que um tecido convencional.”

Na região do Brooklyn está o jovem estilista, Daniel Silverstein. Para este designer, mais importante do que a utilização dos tecidos orgânicos é o aproveitamento total de uma peça de tecido.

Daniel Silverstein, diretor criativo e cofundador da empresa que leva seu nome:

“Esta parte aqui na frente vem dos restos das peças de tecido. Quando se está a cortar uma peça sobram restos que não cabem propriamente em lado nenhum. É preciso cortar um colarinho, um buraco para um braço passar e, geralmente, o que é que se faz com os restos? A maioria das confecções as joga fora! Mas eu tento utilizar estes restos nos vestidos que faço, assim eles se tornam únicos.”
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A marca Soham Dave recorre a outra abordagem. Apesar de instalada no icônico Empire State Building, as peças com design contemporâneo são confeccionadas na Índia por artesãos locais que recorrem a técnicas tradicionais. A força da comunicação faz o resto.

Nimet Degirmencioglu, engenheira têxtil da Soham Dave:

“Existe um mercado mas o mercado precisa de ser orientado. Temos de contar a nossa história, explicar os nossos processos de design e fabricação. Quando conto a nossa história aos potenciais compradores a reação é boa, por isso saber contar uma história é muito importante.”
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O principal motor dos estilistas, independentemente do tamanho da sua empresa, continua a ser o design. Vai longe o tempo da militância dos primórdios da moda ética.

Segundo Daniel Silverstein:
“As roupas nunca devem ter um aspeto ético. Isso tem de ser o fator surpresa por trás do design”

E segundo Nimet Degirmencioglu:
“As pessoas querem ter estilo e a moda ecológica vem por acréscimo. Não queremos que comprem as nossas roupas porque são ecológicas. Queremos que comprem as nossas roupas porque gostam do estilo e as querem vestir.”

O setor está se organizando. Um coletivo que junta 80 marcas, entre as quais a Loomstate, lançou no ano passado o Fashion Positive mede o desempenho ambiental das roupas.

Lançado em 2014 pelo Cradle to Cradle Products Innovation Institute, o Fashion Positive é um movimento de agentes de mudança da indústria, com a intenção de criar um impacto positivo através da: Inovação na cadeia de abastecimento, fornecimento de empréstimos a taxas de juros baixos para fornecedores, aumentar a transparência,  criação de materiais seguros e sustentáveis para os designers e marcas.

Através dos programas da Cradle to Cradle as marcas de moda associadas a Fashion Positive e os parceiros da cadeia de abastecimento podem desenvolver produtos verdadeiramente inovadores e materiais para transformar a indústria da moda e do mundo.
Scott Mackinlay Hahn, CEO da Loomstate:

“A melhor parte deste movimento é que se está a tornar mais técnico, mais científico. Podemos provar o seu impacto. Trata-se de abandonar a ideia romântica e altruísta de ter de fazer “o bem” e passarmos, simplesmente, a fazer as coisas de forma inteligente.”
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Outra proposta interessante como o da Fashion Positive é o Sustainable Apparel Coalition que nasceu de um encontro dinâmico e não-convencional em 2009 entre o Walmart, o maior varejista da América e a Patagônia, uma das marcas mais sustentáveis do mundo, que se uniram com a missão radical: Convidar outras empresas e concorrentes dos setores de vestuário, calçados e têxtil para juntos, desenvolver uma abordagem universal para medir o desempenho da sustentabilidade na indústria da moda.


Empresa social italiana recicla tecidos e dá trabalho para mulheres em situação de instabilidade social

Roupas criadas e comercializadas por uma empresa social, essa é a ideia por trás do Progetto Quid que utiliza materiais descartados pelos grandes produtores têxteis do norte de Itália e os transforma em roupas para venda. O produto é vendido em duas lojas com o nome próprio da empresa e em várias outras lojas na Itália. O volume de negócios do Quid foi de 240 mil euros e espera-se que atinja os 330 mil em 2015.
Empresa social italiana recicla tecidos e dá trabalho para mulheres em situação de instabilidade social stylo urbano-1
Anna Fiscale, Fundadora e Presidente do Progetto Quid disse: “O nosso produto é de edição limitada e tem tido um resultado positivo no mercado. Separadamente, estabelecemos parcerias com marcas conhecidas na Itália, que se juntaram ao nosso projeto.” A intenção é desenvolver estas parcerias e criar peças comerciais para os mercados italiano e europeu. Foram feitos acordos com outras cooperativas sociais em Verona. E os 15 colaboradores do projeto são principalmente mulheres, numa situação de instabilidade social.

A inovação social, é composta por todos os novos projetos, serviços e modelos para responder aos diferentes desafios sociais. Xavier Le Mounier, Organizador da Competição Europeia de Inovação Social explica: “Na verdade, abrange todos os setores. Desde os cuidados de saúde até à educação. No ano passado, conheci uma equipa que trabalhava em prédios vazios da Europa, para a implementação de negócios nesses locais.”

O projeto italiano Quid ganhou, no ano passado, um dos prêmios do concurso europeu de inovação social. Uma nova edição da competição vai ter lugar este ano, para apresentar ao público as novas ideias que visam reduzir o desemprego e os seus efeitos nocivos na sociedade e na economia.
“Os vencedores podem conseguir um prêmio de 50 mil euros, apoio de um mentor e coaching, podem encontrar parceiros de negócio, ficar ligados em rede e podem também encontrar clientes”, acrescenta Xavier Le Mounier. Anna Fiscale conclui: “Para nós, a chave do sucesso é a combinação dos aspetos sociais, ambientais e de mercado, oferecendo um modelo competitivo aplicável a todas as empresas com interesses éticos.”  Legal né? Espero que surja muitas outras iniciativas assim.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Sete marcas brasileiras preocupadas com sustentabilidade

Marcas sustentáveis
Você já deve ter percebido que de uns anos para cá o debate da sustentabilidade tem ficado cada dia mais forte, e não apenas para aqueles que sempre defenderam o meio ambiente, mas também na indústria de alimentos, no campo da construção civil, na decoração, no design e dezenas de outros. Na moda, ser ecológico costumava ser sinônimo de usar peças com pouco ou nenhum design, de algodão cru ou lona. Hoje, algumas marcas estão abusando da criatividade buscando alternativas ao imediatismo e à massificação. O resgate do artesanato, do feito à mão e principalmente a ideia de dar vida nova a peças descartadas, em uma verdadeira reciclagem fashion, produz criações para lá de estilosas e preocupadas com o futuro. Veja algumas iniciativas para colocar no radar:

1. A Insecta Shoes nasceu no comecinho de 2014 e é uma daquelas marcas que dá orgulho de ter no armário: vegana, sustentável, artesanal e cheia de produtos exclusivos. Três mulheres estão por trás da etiqueta de sapatos, que mesmo com pouco tempo de vida já está dando o que falar. Elas participam de feiras, vendem pela internet para o Brasil inteiro e, até o fim do ano, pretendem dar um gás nas vendas internacionais.
Todas as peças da marca são feitas a partir de roupas antigas. Sabe aquele vestido estampado que você guarda há anos e nunca conseguiu usar? Ele poderia virar um oxford incrível nas mãos de Pam, Babi e Laura. No ano passado, eram apenas três modelos de calçados e agora já são sete, com a promessa de uma sandália nova em setembro e uma linha com matéria prima feita com garrafa pet e algodão reciclado. Olha só como o processo acontece.

2. A Dre Magalhães faz acessórios com corda. Ainda que possa soar simples, o desafio da designer é grande, já que não é fácil transformar esse material em cintos, colares e até objetos de decoração desejáveis. Com a sua marca, ela pretende proporcionar uma conexão entre trabalho manual de excelência, simplicidade e originalidade. As peças podem ser feitas por encomenda, compradas em sua loja virtual ou encontradas no showroom em Pinheiros, São Paulo.
3. O blog da Insecta Shoes, citada acima, procura apresentar outras marcas que também incentivam a moda brasileira e se preocupam com uma produção mais consciente. É o caso da Gioconda Clothing e seu underwear confortável. Cinthia Santana criou a label porque não conseguia encontrar peças que fossem feitas inteiramente de algodão e ainda tivessem um design bonito. "Quase toda marca de lingerie apela para o estilo sexy e romântico, o que me leva ao estigma da mulher objeto. Meu desejo era comunicar uma mulher que valoriza o tempo com ela mesma, preocupando-se com o próprio bem-estar.", declara. O melhor de tudo é que a fabricação não é em massa e é a própria Cinthia que leva os tecidos - de bicicleta - para a modelista, o cortador e a costureira, garantindo que toda a linha de produção esteja sob controle. Evitando o desperdício, ela reutiliza os retalhos para confeccionar saquinhos para as calcinha e conta que já está planejando começar a usar algodão orgânico. Quimonos, calças e shorts completam o mix oferecido em seu site.
4. Nicole Bustamente adota a filosofia vegana em tudo o que faz e não é diferente em sua marca homônima. Mesmo estando localizada em São Paulo, ela se inspira na natureza para criar seus designs cheios de texturas, cores e estampas exclusivas. Uma de suas maiores preocupações é humanizar as etapas de confecção, firmando parcerias com empresas que estejam realmente comprometidas com os seus ideais. "Queremos utilizar materiais e técnicas de estamparia cada vez mais sustentáveis, melhorar nossas oficinas de trabalho e capacitar pessoas", diz. Com a consciência de que a matéria-prima de origem animal é a que mais gasta energia, água e recursos naturais - além de ser extremamente poluente - ela garante que todas as suas peças são vegan friendly e 100% brasileiras. Tudo é vendido em seu site e em uma loja física no bairro da Bela Vista, em São Paulo. 
5. O reaproveitamento de tecidos e objetos descartados é um caminho adotado por muitas dessas marcas para encontrar matéria-prima. Na Crua, eles trabalham com a "ressignificação de materiais", reutilizando alguns e procurando misturar aqueles considerados inusitados na construção de produtos de moda e design. É o caso dos colares facetados, best sellers da marca, que são feitos de madeira descartada e pintados à mão.
6. Vinda do Uruguai para o Brasil, Augustina Comas trabalhava para marcas de ambos os países antes de decidir abrir a label que leva seu sobrenome. Da mesma forma que a Insecta Shoes e a Crua, ela utiliza a técnica de "upcycling", que nada mais é do que o processo pelo qual produtos descartados são recuperados, transformados e recolocados no mercado. No caso da Comas, são as camisas masculinas seu ponto de partida. "Todos os dias, as fábricas descartam produtos que não passam pelos controles de qualidade e muitas peças são deixadas de lado. Para nós, essa sobra é matéria-prima". Saem das mãos da designer novas saias, vestidos, chemises e camisas femininas.


7. "Ao nos atermos aos detalhes e à excelência no acabamento, abrimos mão da quantidade em nome da qualidade. Assim, nos vemos entre o artesanato e o design", define o coletivo Zerezes, criado por Hugo Galindo, Henrique Meyrelles, Luiz Eduardo Rocha e Victor Lanari. Com a ideia de produzir moda com baixo impacto ambiental, a etiqueta, lançada em 2012, faz óculos de sol a partir de resíduos gerados no beneficiamento das madeiras redescobertas.

Para ver a notícia completa, acesse: Mdemulher.abril.com.br