quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O futuro da moda pertence às roupas inteligentes e a sustentabilidade

A indústria da moda precisa se adaptar às mudanças provocadas pela falta de água, escassez de recursos, desperdício de matéria prima, aumento da população, crises econômicas e a constante evolução no comportamento do consumidor. Qual o melhor caminho para o futuro da moda? Para a indústria da moda ser sustentável economicamente, ela deve ser sustentável tanto social e ambientalmente. Por quê? Porque nós estamos vivendo tanto num desastre ecológico como numa crise econômica e social.

A população mundial está em explosão demográfica desde a Revolução Industrial que começou na Inglaterra em meados do século XVIII, onde o planeta tinha um pouco mais de um bilhões de habitantes, mas em 2025 chegaremos a quase nove bilhões de habitantes na Terra. O mundo está agora lutando para se adaptar a uma nova realidade ambiental com os aterros sanitários superlotados com toneladas de resíduos industriais, aumento da poluição das fontes de água, terra e ar pelas indústrias além da crônica falta de água em diversos países, põe em risco tanto a produção de alimentos como de fibras naturais para a indústria têxtil.

Pollution-Fashion-Rain-pH-Dress-min
A insustentável indústria do Fast fashion já não contará com tantos recursos naturais para continuar sua fabricação em massa, encurtando o ciclo da moda e acelerando a velocidade do varejo. Na realidade, estamos na iminência do que é chamado da “era slow fashion” e da “economia circular”. No futuro, o mero valor material não será mais suficiente para evocar uma sensação de consumo nos consumidores. Com a escassez de água causada pela mudança climática extremas e pelo desperdício humano, vamos precisar de roupas inteligente para monitorar nossa saúde e o clima.

A BioCouture criada pela designer vanguardista Suzanne Lee, une design com bio e nano tecnologias de ponta para criar em laboratório, roupas biodegradáveis feitas por bactérias. Roupas inteligentes também poderão ter uma vida mais longa por causa de sua finalidade altamente funcional com tecidos que se auto-regeneram, não sujam nem se molham, captam energia solar e cinética para alimentar dispositivos eletrônicos, monitoram a saúde e os exercícios do usuário como também se conectam a outros dispositivos eletrônicos.

biocoutureheader-640x360
A desaceleração da moda vai criar roupas que mudam de cor, estampa e forma, permitindo ao consumidor mudar de acordo com seu ritmo sem precisar comprar novas peças. Marcas de moda focadas na transparência, ética e sustentabilidade serão priorizadas pelos consumidores, e a personalização em massa vai evitar o enorme desperdício do sistema atual de “oferta e procura” para outro mais mais sustentável de “procura e oferta”.

Os produtos de consumo personalizados possibilitam que o cliente participe da sua criação de forma ativa, tornando-se o designer. Através desse processo elimina-se o estoque de produtos prontos, que por si só, gera uma enorme economia por não desperdiçar recursos naturais.

TouchscreenShirt-min
A moda sustentável é uma tendência paralela a moda tecnológica, onde as pessoas vão possui menos roupas mas de maior qualidade. São roupas projetadas para serem reutilizadas ou biodegradadas com é o caso dos novos tecidos feitos de resíduos de alimentos, reciclagem de roupas velhas ou produtos sintéticos que foram descartados como redes de nylon e garrafas pet.

A evolução da moda é o casamento entre a “tecnologia vestível” e a “sustentabilidade”, e em breve, estaremos dando as boas-vindas a nova realidade da moda conectada onde podemos experimentar roupas multifuncionais e inovadoras. Se você quiser saber mais detalhes de como serão esses avanços na moda, haverá a palestra “Sustentabilidade e tecnologia vestível, as duas vertentes do futuro da moda” nos dias 4/11 no House of Learning e 5/11 no Lab Fashion em São Paulo. Participe, as vagas são limitadas!
img201412051115105-min

O movimento Fashion Positive visa tornar a Indústria da Moda mais ética e sustentável

Há muitas razões para reclamar dos problemas causados pela indústria da moda hoje como a poluição da água,produtos químicos tóxicos, toneladas de resíduos de vestuário nos aterro, exploração dos trabalhadores em lugares como  Índia, Bangladesh, Camboja e China, enfim a lista continuar. No entanto, estão surgindo novas organizações, marcas, feiras de tecidos e semanas de moda focadas na moda sustentável, que buscam oferecer sinais de esperança para esta indústria que movimenta US $ 1,2 trilhão anualmente e que está mudando lentamente seu curso.

Lançado em 2014 pelo Cradle to Cradle Products Innovation Institute, o Fashion Positive (Moda Positiva) é um movimento de agentes de mudança na indústria da moda, que querem criar um impacto positivo para o futuro através da: Inovação na cadeia de abastecimento, fornecimento de empréstimos a taxas de juros baixos para fornecedores, aumentar a transparência e criação de materiais seguros para os designers e marcas.

O Moda Positiva visa reorganizar toda a cadeia de abastecimento global de moda e ajudar a criar materiais mais sustentáveis, processos e produtos. A iniciativa trabalha com marcas de moda, designers e fornecedores para melhoram continuamente a forma como as roupas são feitas seguindo as seguintes cinco categorias: saúde do material, uso do material, energia renovável, gestão da água e da equidade social.

O projeto de metodologia do Cradle to Cradle foi desenvolvido pelo Dr. Michael Braungart e William McDonough, e a primeira tarefa da iniciativa é a construção de uma biblioteca de materiais ​​e fornecedores sustentáveis que os designers de moda poderão acessar para tornar seus produtos mais ambientalmente e socialmente positivos. A iniciativa já está colaborando com marcas como Stella McCartney, G-Star RAW, Bionic Yarn, Loomstate e lojas de departamento Belk.

Enquanto a maior parte da conversa sobre sustentabilidade na indústria da moda se concentra no zero resíduos, zero água, zero energia, zero toxinas,  o programa Moda Positiva ao invés disso irá destacar as inovações sustentáveis ​​de moda e inspirar a indústria a seguir o exemplo. A maneira de se tornar uma força positiva na indústria é estimular, documentar e apresentar a próxima geração de roupas e acessórios que são projetados pensando na economia circular.

O movimento Fashion Positive visa tornar a Indústria da Moda mais ética e sustentável stylo urbano-2
“A moda é um trem em movimento constante“, disse Lewis Perkins, vice-presidente sênior do Cradle to Cradle Products Innovation Institute. “O que nós decidimos fazer é volta para os blocos de construção da moda. A idéia não é apontar o mal, mas para estimular a inovação e mostrar histórias positivas de modo que o resto da indústria pode dizer, Isso pode realmente se encaixam na minha empresa.”

A inovação têxtil sustentável não é nada de novo: Algumas marcas de moda líderes (Patagonia, The North Face, Volcom, Levi) desenvolveram linhas de produtos feitos com garrafas de plástico reciclado, fibras à base de plantas, tecidos renováveis, e outros resíduos pré e pós-consumo. Mas a utilização desses tecidos ainda não foi sistematizado nas cadeias globais de fornecimento para poder substituir o consumo do insustentável algodão tradicional e do poliéster virgem.

A missão de Moda Positiva não é só incentivar o uso de materiais sustentáveis ​​nas marcas globais de moda, mas também incentivar o pensamento do sistema Cradle to Cradle (do berço ao berço) entre todos os intervenientes-chave ao longo da cadeia de fornecimento do material e o ciclo de vida do produto.
Para fazer uma camiseta de garrafas de água de plástico reciclado, por exemplo, uma empresa pode simplesmente querer se concentrar em como transformar esse plástico em poliéster para fazer o seu produto. A Moda Positiva quer que essa mesma empresa pensar grande: Como o plástico foi feito originalmente? Quais são produtos químicos que existem nele? Como podem as fibras plásticas serem reaproveitadas de uma forma que seja seguro para os seres humanos e o meio ambiente?

E como pode um novo produto que está sendo projetado ser facilmente reutilizado, reciclado ou upcycled? À medida que as pessoas começam a questionar a sustentabilidade na moda, toda a indústria pode identificar quais materiais e processos são problemáticos e encontrar novas tecnologias para resolvê-los. O que a Moda Positiva está construindo é um ecossistema de marcas e organizações inovadoras trabalhando para transformar a indústria do vestuário e têxtil. Claro, essa transformação não vai acontecer de forma rápida, nem de a Moda Positiva vai fazê-lo sozinha.

Um dos objetivos da iniciativa é o de  construir pontes entre a indústria têxtil, fornecedores, estilistas e marcas para impulsionar ainda mais a adoção de materiais e inovações de fabricação. A iniciativa do governo americano chamada Innovation Fund, fornece financiamento para selecionar fornecedores que desejam desenvolver materiais sustentáveis que serão compartilhados com a comunidade de forma positiva. A iniciativa também tem parceria com organizações como a Sustainable Apparel Coalition e a NRDC’s Clean By Design para harmonizar e otimizar os esforços de sustentabilidade dentro da indústria da moda.
O movimento Fashion Positive visa tornar a Indústria da Moda mais ética e sustentável stylo urbano-3
A Sustaintable Apparel Coalition (SAC), é um grupo de trinta organizações que inclui a Nike, Gap Inc, H & M, Levi Strauss, Marks & Spencer e Patagonia, e vai trabalhar para ajudar a indústria do vestuário no sentido de desenvolver melhores estratégias e ferramentas para medir e avaliar o desempenho da sustentabilidade.

A Coalizão tem dois objetivos. Em primeiro lugar, as organizações membros irão desenvolver planos para amenizar o impacto da indústria do vestuário na água e indústria de consumo, ao criar compromissos para a melhoria do desvio de resíduos e a redução do uso de produtos químicos. Em segundo lugar, a Coligação irá desenvolver uma ferramenta baseada em métricas que irão ajudar as empresas na mensuração de seus impactos ambientais e sociais.

“Na indústria da moda, você não quer ficar para trás“, disse Lewis Perkins, vice-presidente sênior do Cradle to Cradle Products Innovation Institute. “Estamos apostando que para fazer parte da vanguarda, a sustentabilidade é definitivamente o próximo desenvolvimento para a indústria do vestuário”. Os Estados Unidos e Europa estão bem adiantados em seus programas de sustentabilidade na moda já no Brasil, a indústria e as empresas estão mais focadas em como vão resistir a crise econômica que só piora a cada mês no país por causa do desgoverno.

Não seria uma boa hora para criar soluções inteligentes para os desperdícios criados pela indústria da moda nacional? Na palestra “Sustentabilidade e tecnologia vestível, as duas vertentes do futuro da moda” no início de Novembro em São Paulo, mostrarei alguma soluções tecnológicas para tornar a moda mais sustentável.