sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Moda ecológica, moda inteligente focada no desenvolvimento sustentável

A Semana da Moda de Nova Iorque conta com dezenas de desfiles num setor que gera anualmente, só nos Estados Unidos, mais de 300 bilhões de dólares de volume de negócios. Aos poucos surgem novos estilistas que promovem coleções onde o desenvolvimento sustentável é uma preocupação focando inteiramente na moda ecológica e inteligente do slow fashion.
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A Loomstate é uma marca americana que utiliza unicamente algodão orgânico, assim como outras matérias-primas mais recentes, como é o caso do Tencel, feito a partir da polpa da celulose da madeira. A marca foi criada em 2004 por Rogan Gregory e Scott Mackinlay Hahn.

Rogan Gregory, estilista da Loomstate:

“Para mim não pode haver nenhum compromisso quando se fala de design. Não acredito que estejamos usando fibras de menor qualidade, creio que estamos usando as melhores. Eu nem sequer discuto se um tecido orgânico é de melhor qualidade do que um tecido convencional.”

Na região do Brooklyn está o jovem estilista, Daniel Silverstein. Para este designer, mais importante do que a utilização dos tecidos orgânicos é o aproveitamento total de uma peça de tecido.

Daniel Silverstein, diretor criativo e cofundador da empresa que leva seu nome:

“Esta parte aqui na frente vem dos restos das peças de tecido. Quando se está a cortar uma peça sobram restos que não cabem propriamente em lado nenhum. É preciso cortar um colarinho, um buraco para um braço passar e, geralmente, o que é que se faz com os restos? A maioria das confecções as joga fora! Mas eu tento utilizar estes restos nos vestidos que faço, assim eles se tornam únicos.”
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A marca Soham Dave recorre a outra abordagem. Apesar de instalada no icônico Empire State Building, as peças com design contemporâneo são confeccionadas na Índia por artesãos locais que recorrem a técnicas tradicionais. A força da comunicação faz o resto.

Nimet Degirmencioglu, engenheira têxtil da Soham Dave:

“Existe um mercado mas o mercado precisa de ser orientado. Temos de contar a nossa história, explicar os nossos processos de design e fabricação. Quando conto a nossa história aos potenciais compradores a reação é boa, por isso saber contar uma história é muito importante.”
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O principal motor dos estilistas, independentemente do tamanho da sua empresa, continua a ser o design. Vai longe o tempo da militância dos primórdios da moda ética.

Segundo Daniel Silverstein:
“As roupas nunca devem ter um aspeto ético. Isso tem de ser o fator surpresa por trás do design”

E segundo Nimet Degirmencioglu:
“As pessoas querem ter estilo e a moda ecológica vem por acréscimo. Não queremos que comprem as nossas roupas porque são ecológicas. Queremos que comprem as nossas roupas porque gostam do estilo e as querem vestir.”

O setor está se organizando. Um coletivo que junta 80 marcas, entre as quais a Loomstate, lançou no ano passado o Fashion Positive mede o desempenho ambiental das roupas.

Lançado em 2014 pelo Cradle to Cradle Products Innovation Institute, o Fashion Positive é um movimento de agentes de mudança da indústria, com a intenção de criar um impacto positivo através da: Inovação na cadeia de abastecimento, fornecimento de empréstimos a taxas de juros baixos para fornecedores, aumentar a transparência,  criação de materiais seguros e sustentáveis para os designers e marcas.

Através dos programas da Cradle to Cradle as marcas de moda associadas a Fashion Positive e os parceiros da cadeia de abastecimento podem desenvolver produtos verdadeiramente inovadores e materiais para transformar a indústria da moda e do mundo.
Scott Mackinlay Hahn, CEO da Loomstate:

“A melhor parte deste movimento é que se está a tornar mais técnico, mais científico. Podemos provar o seu impacto. Trata-se de abandonar a ideia romântica e altruísta de ter de fazer “o bem” e passarmos, simplesmente, a fazer as coisas de forma inteligente.”
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Outra proposta interessante como o da Fashion Positive é o Sustainable Apparel Coalition que nasceu de um encontro dinâmico e não-convencional em 2009 entre o Walmart, o maior varejista da América e a Patagônia, uma das marcas mais sustentáveis do mundo, que se uniram com a missão radical: Convidar outras empresas e concorrentes dos setores de vestuário, calçados e têxtil para juntos, desenvolver uma abordagem universal para medir o desempenho da sustentabilidade na indústria da moda.


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