domingo, 10 de março de 2013

Moda ecológica produz roupas a partir do lixo


Uso de material reciclado em coleções reduz a poluição ambiental e gera renda.

Rio -  Vestir-se de forma consciente. O conceito de moda sustentável saiu das coleções de desfiles e tem atraído consumidores que buscam peças e acessórios criados a partir de retalhos, CDs, lixo reciclado, plástico e outros materiais. No Estado do Rio, programas como o Projeto EcoModa, na Mangueira; Paraty Eco Fashion; e Retalhos Cariocas, na Barreira do Vasco, são exemplos de iniciativas no setor. E que deveriam ser seguidos, já que o mercado da moda tem grande impacto ambiental, pois produz artigos que duram pouco, o que implica em grande consumo de energia, água, corantes e matérias-primas.

Mais que produzir peças que não agridem a natureza, a moda sustentável melhora a vida de populações em comunidades. Na Mangueira, o Projeto EcoModa, da Superintendência de Território e Cidadania da Secretaria do Estado e Ambiente do Rio, capacita para a cadeia produtiva do setor, incluindo cursos de bordado, corte, costura, modelagem, desenho de moda, estamparia, serigrafia e acessórios; em períodos de três meses. E os alunos recebem ajuda de custo de R$ 120.
Alunas do Projeto EcoModa na Mangueira mostram peças e acessórios criados na primeira coleção do programa, que já formou 300 moradores | Foto: Divulgação
Alunas do Projeto EcoModa na Mangueira mostram peças e acessórios criados na primeira coleção do programa, que já formou 300 moradores | Foto: Divulgação

Na produção na Mangueira, moradores trabalham com materiais doados, como roupas e uniformes usados, sobras de jeans, banners e lonas. Nada se perde. Eles já pensam em criar um selo verde. “Nosso projeto, em parceria com o Sebrae e a CEF, forma empreendedores e gera renda. E poderá ser levado para outras comunidades pacificadas”, diz Ingrid Gerolimich, da Superintendência de Território e Cidadania. Vanessa Melo, coordenadora do projeto, diz que o “EcoModa amplia o conceito de moda ambientalmente correta sem resultar em perda de estilo”.

Em Paraty, as peças são artesanais

Fazer moda consciente, respeitando a natureza, é um objetivo do Paraty EcoFashion, que tem apoio do Instituto Colibri. Com foco na sustentabilidade, o programa vai além da moda e investe em design ecologicamente correto, arte e decoração.

O projeto capacita moradores, proporcionando a inclusão das populações com pouco acesso à informação sobre design e moda. “A realização de palestras, oficinas e workshops promove a união entre comunidades periféricas, como quilombolas, e artistas plásticos e outros profissionais e instituições renomados do setor”, diz a produtora Mary Lacerda.

Na produção de vestuário e acessórios, os alunos utilizam, de forma sustentável, materiais naturais encontrados na própria região, como madeira, sementes e corantes naturais.

Retalhos viram roupas novas

Plásticos, chapinhas e retalhos são transformados em peças exclusivas no ateliê da Retalhos Cariocas, projeto fundado por Silvinha Oliveira na comunidade da Barreira do Vasco.

Roupas e acessórios são produzidos a partir do que a comunidade tem à mão.“Tudo é fabricado artesanalmente. Assim fazemos inserção de pessoas da comunidade no mercado da moda de forma sustentável”, diz Luciana Almeida.

Peças que chamaram a atenção de estilistas renomados, como Oskar Metsavaht. O próximo passo é lançar a coleção da Retalhos Cariocas.

Reportagem de Antonio Marinho.


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