Pegando carona com a Rio+20, é pertinente falar também das mudanças necessárias para que a indústria têxtil se torne menos poluidora e adquira uma filosofia sustentável. Dos pesticidas usados nas plantações de algodão às químicas usadas no processo de tingimento dos tecidos, a indústria da moda tem sua parcela de culpa quando se trata de agredir o meio ambiente. Marcas, designers, empresários, biólogos e até cientistas mundo a fora estão engajados em pesquisar e descobrir novas fontes sustentáveis para fazer girar o mundo da moda. Do reaproveitamento de materiais ao desenvolvimento de novas fontes têxteis, a movimentação para novos hábitos de consumo e de uma nova maneira de pensar a moda ganha cada vez mais força.
Quando se trata em pesquisa de novas tecnologias, Oskar Metsavaht mostra que é mesmo um empresário de visão. Em seu último desfile na edição verão 2013 da São Paulo Fashion Week, a Osklen trouxe o frescor e a leveza de um verão chic e, acima de tudo, sustentável. Ora com aspecto de linho, ora parecendo juta, as peças de seda rústica foram o ponto alto do desfile. Oskar também desenvolveu o projeto Traces em parceria com o Ministério do Meio Ambiente da Italia, o Forum das Americas e o Senai-Cetiqi, que rastreia os impactos sócio ambientais de seis e-fabrics usados pela Osklen: algodão orgânico, algodão reciclado, couro pirarucu, juta da Amazônia, malha pet e seda orgânica. Os resultados indicam como os impactos ambientais sao mínimos se comparados com os da indústria têxtil convencional e mostram que é possível fazer uma moda sustentável que também pode beneficiar milhares de trabalhadores ao gerar renda e inclusão social.
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Roupa também pode ser arma contra a poluição
Fora do Brasil, o conceito de moda sustentável vai além da reciclagem e reaproveitamento de materiais. Cada vez mais se investe em pesquisa para o desenvolvimento de tecidos a partir de novas fontes, como o leite, realizado pela estilista e bióloga alemã Anke Donaske, e até plantas, projeto da inglesa Carole Collet, que comanda o Textile Futures Research Centre da Central Saint Martins, em Londres, conciliando ecologia e tecnologia inteligente. A ciência também não fica de fora quando o assunto é ir além do conceito de roupa para vestir. Físicos da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, desenvolveram um tecido que funciona como uma tomada de reposição. Quando usado, ele converte diferenças sutis de temperatura em toda a extensão da roupa em eletricidade, tornando possível carregar celulares ou aparelhos de mp3 usando somente o calor absorvido do corpo através do que se estiver vestindo. Outro conceito inovador é o da roupa catalítica, que purificar o ar através de um fotocatalisador que quebra poluentes atmosféricos. O projeto é fruto da imaginação da designer Helen Storey e do químico Tony Ryan que vem promovendo uma série de intervenções culturais e artísticas pela Europa para divulgar a tecnologia e conscientizar o público.
Fonte: Heloisa Marra
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