segunda-feira, 16 de abril de 2012

Preocupação com moda sustentável já existia no sec. 18

HM-Glam
Consumo e sustentabilidade são dois temas que recentemente deram as mãos para nunca mais largar. Uma empresa que não se preocupa com a forma como produz ou um consumidor que não se preocupa com o que consome é visto com maus olhos. Uma coisa é certa: o eco-fashion veio para ficar. Se por um lado o consumidor demanda uma maior consciência das empresas, por outro, o mundo corporativo grita a plenos pulmões cada vez que realiza uma ação sustentável. Esta “tendência” permeia todas as áreas e na moda não é diferente.

Até a gigante do fast-fashion americana H&M, cuja maior preocupação é vender para as massas a qualquer custo, tem agora essa preocupação e procura agregar sustentabilidade aos seus produtos. Em 2011, a sua coleção The Green Garden foi inspirada em paisagens e modos de vida verde: o algodão e o linho usados eram orgânicos e o tencel e o poliéster reciclados e recicláveis. Em 2012 repetiu o feito, mas desta vez com vestidos de festa, a Exclusive Conscious Glamour Collection (um desses vestidos foi inclusive usado por Michelle Williams nos prêmios Bafta). É fast-fashion? Sim, mas é ambientalmente consciente. Um vestido dessa linha sai em torno de 80 euros (cerca de R$ 200).

A HonestBy, marca do ex-Hugo Boss Bruno Pieters, também apresenta essa proposta. Além de privilegiar a ética comercial – em cada compra você vê o que está pagando com cada centavo seu, desde o tecido até às horas da costureira – os tecidos são todos orgânicos e reciclados, respeitando assim as mudanças climáticas do meio ambiente.

Como estes exemplos, temos várias outras histórias recentes, mas se você acha que isso é uma mania atual, leia abaixo e entenda quando tudo começou.

A moda ecológica como a conhecemos hoje teve início nos loucos 60′s e no movimento ambientalista dos hippies. Mas os primórdios da moda sustentável se deram no início do século 18, quando os vestidos de seda feitos à mão eram alterados para dar uma nova utilidade ao tecido. Uma exposição montada no FIT (Fashion Institute of Tecnology) em Nova York, em 2010, reuniu algumas das peças confeccionadas desta forma consciente ao longo dos séculos, que usam desde práticas de reaproveitamento de tecidos com tingimentos novos a direitos dos trabalhadores e dos animais.

Confira algumas das imagens abaixo:
Da esquerda para a direita: vestido com brocado de seda de 1760 feito com tecidos de qualidade superior; vestido de 1840, feito com reaproveitamentos de seda do séc. 18; vestido de 1865 tingido para reaproveitamento de tecido.
Da esquerda para a direita: vestido de rayon, primeira fibra de tecido feita pelo homem usada em roupas de preço baixo, e vestido de seda de Madeleine Vionnet, a primeira estilista a oferecer férias pagas e pausas para café aos seus trabalhadores; capa feita de celofane, material composto por madeira, algodão ou cânhamo, e vestido de festa masculino feito de sobras de tecido do séc. 19.
Vestido de seda de 1941 cuja etiqueta diz: “New York Creations”, confirmando a produção local, com respeito aos direitos dos trabalhadores. A partir de 1941, essa etiqueta começou a aparecer em várias roupas.,
Da esquerda para a direita: terno de nylon de 1959, feito com técnicas que amassavam menos o tecido, tornando menos frequente a necessidade de lavagem, e terno em algodão feito com a parte interna de um xale paisley do séc. 18; vestido Betsey Johnson de 1971 com a etiqueta “Woolmark”, prova de que foi feito usando lã virgem, e saia feita à mão por mulheres da cooperativa.
Blusa Martin Margiela, “o pai da reciclagem”, feita de lenços de seda e suéteres feitos de meias de lã.

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