segunda-feira, 9 de abril de 2012

Pele de peixe é transformada em acessórios por artesãs paranaenses

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Couro do peixe vira acessórios sustentáveis/Foto: Divulgação

Em 2006, a empreendedora Angela Sfendrych decidiu, junto a quatro amigas, transformar lixo orgânico em arte. Dois anos depois surgiu, em meio a desconfiança dos habitantes de Guaratuba, no Paraná, uma associação para produzir artesanato a partir do couro do peixe. Foi assim que teve início no município, tradicionalmente pesqueiro, a Associação dos Curtidores Artesanais de Pele de Peixe Ryo & Mar, que transforma o que seria naturalmente jogado no lixo em matéria-prima para confecção de bolsas, carteiras, chaveiros, entre outros.
Angela conta que a criação da associação foi a solução para transformar a vocação da região em um negócio sustentável, capaz de melhorar a vida da comunidade. Segundo diz, a forma de trabalho da instituição também promoveu a conscientização sobre o impacto ambiental provocado pelo descarte irregular da pele do peixe.
Processo
Apesar de não ter inventado a técnica, as artesãs aprimoraram o processo e já exportam os produtos para diversos estados do país. O couro de quase todos os peixes de mar e de alguns de água doce, como o da tilápia, o linguado e a tainha, é aproveitado pelas artesãs. Para curtir o couro do peixe, são necessários três dias. Para dar firmeza à peça, a técnica utiliza tanino vegetal e cromo a 2%. No último dia acrescenta-se tinta à solução e o produto é colocado para secar na sombra. “Depois, é dar asas à imaginação”, brinca Angela, que hoje preside a Ryo & Mar.
Embora seja altamente poluente, a utilização do cromo é inevitável para dar maior durabilidade à peça, de acordo com a presidente. Assim, a associação buscou o licenciamento para o processamento de efluentes, concedido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).
A associação adota ainda outras ações sustentáveis como coleta e reaproveitamento dos resíduos e tratamento correto dos efluentes gerados no processo de curtimento. “É um fundamento do nosso processo.  Metade do peixe é jogado fora pelos pescadores (incluindo couro e as vísceras), muitas vezes no próprio mar, alterando o equilíbrio do ambiente marinho. Reduzimos consideravelmente os impactos que o descarte das peles gerava no meio ambiente e conseguimos preservar a natureza”, conta Angela Sfendrych.
Faturamento
O negócio começou com o investimento de R$ 1 mil. Na época, a produção era de 20 kg de pele e rendia um faturamento de R$ 2 mil para a instituição. Atualmente, a capacidade produtiva do curtume artesanal é de 60 kg de peles de peixe por mês, que rendem R$ 45 mil. Uma associada pode ganhar até R$ 2 mil por mês.
Agora, a associação estuda novas formas de aproveitar o couro de peixe, como na produção de biofertilizantes.
Com informações da Agência Sebrae.

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