terça-feira, 21 de junho de 2011

No Fashion Rio, bons exemplos da incipiente moda verde

Sola de sapato biodegradável da Amazonas que se decompõe em 5 anos, foto: Fabíola Ortiz

No último Fashion Rio, entre 169 grifes, apenas duas abraçaram o conceito de moda verde que inclui linhas de produtos recicláveis, reutilizados e até biodegradáveis.
Uma delas é a grife mineira Raiz da Terra Green Co. que, desde 2003, aposta na produção de roupas e calçados com ênfase em reduzir o impacto ambiental. “A moda verde é a uma marca economicamente viável, socialmente responsável e ecologicamente correta”, explica a O ECO Cassius Pereira, diretor da marca, ao destacar que a preocupação ambiental perpassa por todo o processo produtivo.
Na hora de escolher os fornecedores, a empresa é criteriosa. Só usa tecidos 100% naturais, entre orgânicos ou reciclados. O tecido orgânico é aquele cuja matéria-prima foi cultivada sem agrotóxicos ou inseticidas, como, por exemplo, algodão, linho, cânhamo e bambu. Também são usados algodão reciclado ou poliéster de PET, tanto na linha de calçados como para shorts e saias. O couro é vegetal, feito de látex fornecido do interior de São Paulo ou de cooperativas extrativistas na floresta amazônica.
As práticas administrativas e de manufatura fazem parte da mudança, o que implica o uso de papel reciclado, redução do consumo de água, luzes de Led, reutilização de resíduos de tintura e uso ou revenda de retalhos de tecidos para cooperativas que confeccionam tapetes.
Um dos maiores vilões do processo de confecção é a etapa do tingimento, pois feito em larga escala consome grande quantidade de água potável e gera efluentes poluidores. O desafio da Raiz da Terra Green era racionar o uso de água e evitar o seu descarte sem tratamento. A saída foi investir numa tintura feita com matéria-prima natural a partir de cores extraídas de elementos minerais, raízes e folhas. Não funciona para tudo: “Existem ainda certas cores que não conseguimos obter com pigmentação natural, em geral as mais escuras, o preto principalmente, mas também o marrom e o grafite”, conta Pereira. Outra medida foi “reutilizar indefinidamente” a tinta, isto é, fazer um ciclo fechado de tingimento, reciclando a água e os pigmentos utilizados.
Quase todos os produtos são biodegradáveis, a não ser o poliéster de PET que é uma fibra sintética usada na produção de solas de sapato.
 

Tecido piquet em poliester reciclado de garrafas PET da Raiz da Terra Green, foto: divulgação


Falta preço e fornecedor
Na avaliação da pesquisadora e professora de design sustentável do SENAI, Vânia Polly, “A moda verde já foi uma tendência, agora é uma emergência. O desafio para o mundo da moda é combinar a sustentabilidade. A moda trabalha com descarte, com o ciclo de vida do produto e, por isso, tem que trabalhar o reuso e o reciclável”. O maior entrave ainda é encontrar fornecedores dos produtos certos, por exemplo, corantes biodegradáveis e tecidos orgânicos. Igualmente não ajuda o preço das peças verdes ser mais alto do que as convencionais.
Para os pés, moda biodegradável
A segunda marca a apresentar produtos sustentáveis no Fashion Rio foi a Amazonas, do interior de São Paulo, que trabalha com chinelos de borracha recicláveis. As rebarbas que sobram da fabricação e os calçados gastos são reciclados e viram piso de borracha ou xaxim ecológico.
A sola biodegradável no sapato é outra aposta pioneira da Amazonas. Ela se decompõe em 5 anos, enquanto uma sola comum leva 500 anos para se degradar. “O solado e a cola são biodegradáveis, à base de água”, explica Leandro Araújo, representante de marketing da empresa. O preço final do calçado fica cerca de 20% mais caro usando esses materiais e, segundo Leandro, o maior obstáculo é o receio do consumidor de que o produto se desmanche. Segundo ele, isso é descabido: “Fazemos testes em laboratório e o sapato cumpre as exigências habituais e tem a mesma duração de um calçado comum”.

Sandálias de borracha reciclável da Amazonas, foto: Fabíola Ortiz



Um comentário:

Louise Luz disse...

Ola!!! Seu blog é mto bacana, com informaçoes bem uteis! Estou envolvida em um projeto aqui no Sul com um cliente que quer abrir uma marca/ loja ecologica. Entre as peças que ele proprio vai confeccionar, seria interessante vender artigos de outras marcas que sao na mesma linha ate como incentivo, como p exemplo esses chinelos da Amazonia que vc postou! Voce sabe como entrar em contato com eles? Tem sugestoes para outros produtos? Tem interesse em ajudar?trabalhar? Agradeço desde ja, Louise