A reciclagem de fibras está a convencer cada vez mais marcas, com muitas a apostarem em novos projetos para fecharem o ciclo da cadeia de aprovisionamento. É o caso da G-Star, Kuyichi e H&M, que têm a ambição de darem vida nova a vestuário velho.
O fechar do ciclo na cadeia de aprovisionamento de vestuário continua a marcar pontos, com mais marcas a começarem a lançar produtos que usam fibras recicladas.
Num evento organizado pelo grupo de sustentabilidade Made-By, representantes das marcas de denim G-Star e Kuyichi revelaram como estão a integrar algodão reciclado nos seus produtos. Atualmente, a G-Star recicla o denim usado pelos seus funcionários e de produtos defeituosos, enquanto a Kuyichi lançou no mês passado um sistema batizado Deposit Denim.
A trabalhar em parceria com a Texperium, o diretor de vendas internacionais da Kuyichi, Peter Schuitema, indicou que a empresa pretende incluir até 40% de fibras recicladas nos seus jeans. A fibra reciclada será fiada com algodão virgem orgânico para assegurar que o tecido é suficientemente resistente para ser usado como denim.
O desejo da Kuyichi de inovar remonta ao seu passado, já que foi criada em 2000 depois da organização não-governamental holandesa Solidaridad ter apoiado a produção de algodão orgânico no Peru. Na altura, nenhuma das grandes marcas estava interessada em comprar algodão orgânico, por isso decidiram lançar a Kuyichi. «A razão pela qual o fizemos foi para mostrar que é possível», explicou Schuitema.
Outra retalhista que está a apostar no ciclo fechado é a H&M, que lançou um projeto de reciclagem de vestuário em dezembro do ano passado. O especialista de ciclo de vida da empresa de moda, Erik Karlsson, revelou que recebeu 750 toneladas de vestuário desde fevereiro. Mas embora tenha ambições a longo prazo para o programa, «mudar o comportamento do consumidor é essencial, devolver vestuário é novo e irá demorar algum tempo», defendeu Karlsson.
Apesar de estar ainda numa fase inicial, Erik Karlsson explicou que o PET reciclado, da garrafa ao tecido, reduz a emissão de gases com efeito de estufa em 58%, o que mostra o «enorme potencial» para modelos de negócio de ciclo fechado. «Fechar o ciclo nos têxteis, fazer novo a partir de velho é a nossa ambição a longo prazo», sublinhou. O responsável da H&M explicou ainda que 95% do vestuário que vai para aterro poderia ter outras utilizações e que na Suécia, os consumidores deitam fora 15 kg de vestuário por pessoa por ano, com 8 kg a serem incinerados.
Nick Morley, diretor de sustentabilidade na consultora Oakdene Hollins, acredita que a indústria precisa de se focar em todas as formas de reciclagem, não apenas no ciclo fechado. «O ciclo fechado atraiu a imaginação, é mais fácil de explicar do que as associações que vendem produtos no terceiro mundo», considera.
Morley antecipa a que a concorrência às associações por vestuário velho e os programas de vestuário por dinheiro aumentem, o que significa que os consumidores vão tornar-se cada vez mais cuidadosos com a forma como deitam fora as suas roupas. Sugere mesmo que isso pode significar que 70% a 80% do vestuário será recolhido a longo prazo. «Vai tornar-se rapidamente muito valioso», concluiu Morley.
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